25 agosto, 2012

Beijos e Tiros (Kiss Kiss, Bang Bang, EUA, 2005).


Primeiro filme dirigido pelo roteirista Shane Black, criador de Máquina Mortífera, Beijos e Tiros encaixa-e naquele raro tipo de filme que une comédia, ação e trama policial de maneira uniforme e instigante, por que possui um elenco bom e engajado, mas também por que tem uma trama bem elaborada. Repleto de diálogos, referências a outros filmes e contando com um perfeito entrosamento de uma dupla no mínimo inusitada, tanto por ser formada por Robert Downey Jr. (Os Vingadores) - antes do "renascimento" com Homem de Ferro - e Val Kilmer (A Sombra e a Escuridão) - ainda não tão gordo -, quanto pelo fato de seus personagens serem um ladrão de terceira categoria e um detetive homossexual, respectivamente.

Beijos e Tiros pode confundir um pouco o espectador por sua verborragia e incontáveis informações, mas é justamente a partir daí que seu charme aflora e as situações que permeiam a trama desabrocham. Como dito acima, Shane Black consegue realizar um filme muito engraçado, mas sem deixar a trama de mistério e as sequências de ação de lado, vez ou outra optando por alguma cena mais nonsense. Típico filme que não te deixa respirar, Beijos e Tiros é um filme metalinguístico - fala sobre cinema - e narrado em primeira pessoa (que literalmente dialogo com você) que não cai de ritmo em momento algum, apresentando sempre algo de interessante aos olhos, seja um novo personagem, uma improvável cena de ação ou simplesmente um diálogo caprichado entre os personagens de Downey Jr. e Kilmer.

O que falar sobre as performances de Downey Jr. e Kilmer. Apesar da crítica ter destacado em especial o trabalho do primeiro, não consigo enaltecer um mais do que outro, visto que à exemplo de Mel Gibson e Danny Glover em Máquina Mortífera, as interpretações dos dois se completam e complementam o filme, além de ganharem um brilho especial sempre que contracenam juntos. É inspirador acompanhar Robert Downey Jr. antes do piloto-automático, desenvolvido na esteira de personagens como Sherlock Holmes e o citado Homem de Ferro. Quanto a Val Kilmer, o mal deste está na péssima escolha de projetos nos últimos anos, visto que nem a aparento - se bem que hoje este encontra-se ainda pior - excesso de peso prejudica seu talento como ator. Enfim, uma dupla que convence como parceiros (no bom sentido), como "heróis de ação" e como figuras involuntariamente cômicas quando recitam as ótimas linhas escritas por Shane Black.

Destaco também a presença da bela e competente Michelle Monaghan (Medo da Verdade), em seu primeiro papel de relativo destaque, papel este pelo qual a conheci. Monaghan compõe um jeito misto de esperteza e doçura a sua personagem, que é de importância ímpar a trama, não apenas o interesse amoroso do personagem de Downey Jr. Monaghan, apesar de nunca ter se tornado uma grande diva do cinema, apos esse filme conseguiu emplacar diversos papéis de destaque em filmes no mínimo interessantes, como em Missão: Impossível III, de J. J. Abrams e Contra o Tempo, de Duncan Jones, dentre outros.

Esta produção de Joel Silver (trilogia Matrix, Predador, Speed Racer, dentre outros) acerta do início ao fim, dona de uma boa técnica de filmagem, em especial as angulações e composições de cena pelo diretor de fotografia, Michael Barrett, uma trilha sonora que mesmo não marcante pontua bem as variações de tons do filme, a cargo de John Ottman (Superman, o Retorno) e um ótimo trabalho de edição e mixagem de som, que realmente se destacam nas ótimas cenas de ação. De custo relativamente baixo, Beijos e Tiros não fez muito sucesso, faturando pouco mais do que gastou, mas isto em nada reflete na qualidade do filme, que mantém-se excelente até hoje, além de ter servido, ao lado de Zodíaco, de David Fincher, como trampolim para o retorno de Robert Downey Jr. ao rol dos grandes astros de Hollywood.

Uma espécie de misto entre Máquina Mortífera e primeiros filmes de Guy Ritchie, Beijos e Tiros é indicado para aqueles que gostam de comédia, ação, romance, thriller e aventura, contados de maneira inteligente, que divirtam mas não tomem o espectador por bobo, enfim, que entretém com capricho. Se apenas isso não bastasse, o filme ajudou a trazer Downey Jr. de volta ao grande público, nos apresentou de uma vez por todas Michelle Monahan, proporcionou mais uma grande interpretação de Val Kilmer, além de revelar uma nova habilidade ao agora diretor Shane Black, já conceituado como roteirista, mas que comprovou com este trabalho que não deve nada a nenhum daqueles que dirigiram roteiros seus, e não estamos falando de qualquer um, mas sim de nomes como Richard Donner (diretor de Máquina Mortífera), o recentemente falecido Tony Scott (que dirigiu O Último  Boy Scout) e John McTiernan (com O Último Grande Herói). Black fez acontecer, passou um tempo afastado, mas assumiu recentemente mais um grande compromisso, visto que é dele o comando da segunda sequência de Homem de Ferro, retomando assim a parceria com o amigo Downey Jr. Se o filme apresentar pelo menos metade da diversão contida neste, pode ter certeza que será incrível.

AVALIAÇÃO:
TRAILER:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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