09 outubro, 2012

Luzes da Cidade (City Lights, EUA, 1931).


O que falar de Charlie Chaplin? Ator, diretor, roteirista, compositor e produtor de quase todos os seus filmes, Chaplin talvez seja o cineasta mais conhecido do mundo, especialmente pela composição do personagem Carlitos, que ilustra a maioria de seus longas e curtas, mas também pela qualidade inequívoca de sua obra como um todo e mesmo sem obter o devido reconhecimento no quesito premiações, conquistou gerações e é lembrado até hoje como realizador de obras seminais e de riquíssimo conteúdo simbológico. Um gênio com mais de 100 filmes na carreira deveria ser ainda mais reverenciado e, principalmente, visto - através de suas obras cinematográficas - do que é hoje.

Confesso que ainda me encontro no topo do iceberg quanto ao acompanhamento dos filmes de Chaplin, tendo acompanhado apenas alguns dos seus filmes mais recomendados, que foram Tempos Modernos (pré-requisito maior de qualquer curso superior da área das ciências humanas), O Grande Ditador (talvez não a melhor, mas a mais importante obra do cineasta) e agora este Luzes da Cidade, uma obra de inocência rara no que concerne as comédias e dona de um roteiro que transborda simplicidade, mas possuidora de mensagens tão coerentes e fortes como poucos filmes do gênero já trouxeram. 

Estrelado por Chaplin, Virginia Cherrill e Harry Myers, o filme nos mostra o "vagabundo" Carlitos engraçado por uma vendedora de flores cega (Cherrill) e que, entre uma e outra confusão - especialmente após "salvar" a vida do milionário suicida interpretado por Myers -, acaba conquistando o coração da moça por sua veracidade e simplicidade quando ao lado dela. Misto de comédia física com romance, Luzes da Cidade é daqueles raros filmes que conquistam o espectador de imediato, seja pela antológica cena de abertura onde descobrimos Carlitos dormindo numa estátua a ser inaugurada pelo Prefeito da cidade, seja pela belíssima construção do envolvimento entre aquele e a garota cega, através de elementos visuais e sonoros (como o bater da porta de um carro, por exemplo), confirmando todo o talento e criatividade Chaplin não só como ator/comediante, mas também como criador e realizador, ainda mais por que o filme é mudo.

É válido frisar que o fato do filme ter sido concebido como mudo foi por opção de Chaplin, visto que este encontrava-se contrário ao incipiente establishment do cinema falado, sendo que as únicas adequações sofridas pelo filme foram a inclusão da trilha sonora e sonoplastia na pós-produção. A obra tem em seus créditos iniciais a assertiva "uma comédia romântica em forma de pantomina", que servem ao mesmo como um alerta e registro das pretensões e ideologias do cineasta quanto a como cinema deveria se comportar.

A música de Luzes da Cidade é magistral. Composta também por Charlie Chaplin - e executada por Arthur Johnston e Alfred Newman -, ela entra na cabeça do espectador de imediato, pontua com maestria os diversos momentos da trama, mas conquista especialmente pela melodia doce e profunda do tema principal.

Um dos filmes mais queridos da história do cinema, Luzes da Cidade permanece mágico, divertido e emocionante ainda hoje, 81 anos após sua estreia nas telas de cinema. Mesmo com as óbvias limitações da época e o provável estranhamento causado pela falta de diálogos aos espectadores mais jovens ou não habituados a esta linguagem, este clássico do cinema mundial transcende e apresenta um cabedal de elementos de ordem subjetiva e técnicos que o transformam numa das mais belas obras cinematográficas já concebidas e permanece, juntamente a um grupo seleto de filmes, como referência absoluta da sétima arte. Conclusão? Tenho que consumir o quão antes mais filmes do genial e genioso Charlie Chaplin.

AVALIAÇÃO
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