15 outubro, 2012

Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl, EUA, 2003).


Sem sombra de dúvidas Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra foi um dos melhores filmes blockbusters de 2003, já que há tempos não se via um filme de aventura tão divertido e ao mesmo descompromissado quanto este foi. Sem fazer muito alarde, a produção estrelada por Johnny Depp (Sombras da Noite), por sinal ainda sem o status de grande astro, sagrou-se um dos maiores sucessos de bilheteria daquele ano, ultrapassando em arrecadação filmes como O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, Matrix Revolutions e X-Men 2. Mas dinheiro pouco significaria se o filme mostra-se ruim, aspecto este que passa longe da produção. Revelando um dos mais queridos protagonistas em anos, esta até então única aventura marcou o cinema de diversas formas, sendo talvez a mais representativa a nomeação de Depp para o Oscar de melhor ator pela inusitada e bastante performática caracterização de seu pirata Jack Sparrow.

Esta adaptação de um parque temático da Disney (pasmem!) trouxe o que de melhor havia nos títulos clássicos do gênero aventura como há tempos não se via, além de resgatar uma temática que havia sido praticamente sepultada após o fiasco financeiro do filme A Ilha da Garganta Cortada, a pirataria. Porém, mesmo com estes aspectos portando um patamar de excelência, de pouco valeriam se o roteiro do filme não se mostra-se interessante ou seus personagens não despertassem atenção. Eis então mais dois fatores que fazem este filme, quase uma década após seu lançamento e depois de mais três continuações, permanecer tão mágico, querido e bem realizado: de protagonistas a coadjuvantes, praticamente todos os personagens da trama mostram-se interessantes e bem dispostos ao longo do filme, muito graças a competência dos autores da história, Ted Elliot (Shrek), Terry Rossio (Aladin), Stuart Beattie (Colateral) e Jay Volpert (O Conde de Monte Cristo), tendo os dois primeiros a adaptado como roteiro cinematográfico.

Obviamente que Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra é puro passatempo, sendo praticamente nulo algum subtexto conceitual que fuja do binômio capa e espada. Entretanto, isto não torna o filme menor ou acaba por desmerecê-lo, mas é inegável que o direciona a uma categoria um tanto quanto distinta com relação a outros filmes que também possuem como prioridade principal o entretenimento, mas que carregam elementos outros que o tornam mais do que isso, elementos estes que não existem no filme, que é puramente entretenimento.

Voltando ao casting, é inevitável não elogiar o trabalho de caracterização  e criação de Johnny Depp como o pirata Jack Sparrow. Tudo na personagem soa novo, fresco e criativo, seja a forma como esse fala, o modo de andar e até mesmo os trejeitos, que independentemente da trama do filme já contam o necessário para que saibamos quem é Jack Sparrow. Muitos criticaram o fato do ator ter sido indicado ao Oscar por esta sua atuação, mas acredito que esta foi acertadíssima, até por que é notável a qualidade da composição de Depp para com a personagem, é tanto que de certa forma Sparrow se tornaria uma espécie de maldição para o ator, visto que além de ter ficado difícil dissociar o ator do personagem, Depp acabou que por se repetir nos anos seguintes, meio que reciclando Sparrow em diversos outros personagens que interpretou, fragilizando assim estes, no meu ponto de vista.

Completam o elenco principal Geoffrey Rush (Shakespeare Apaixonado), como o antagonista do personagem de Depp, o vilanesco (e deveras divertido) Capitão Barbossa, Keira Knightley (Orgulho e Preconceito), como a mocinha não tão inocente Elizabeth Shaw e Orlando Bloom (franquia O Senhor dos Anéis), como o interesse romântico de Elizabeth e peça fundamental à trama do filme. Apesar de Knightley e Bloom mostrarem-se bem em seus respectivos papeis, convencendo como "amantes", o destaque é mesmo de Rush, que cria aqui um personagem tão marcante quanto o de Johnny Depp. Completam o elenco Jonathan Pryce (Os Irmãos Grimm), Jack Davenport (O Libertino), Kevin McNally (Scoop, o Grande Furo) e uma até então desconhecida Zoe Saldana (Avatar), que surge num pequeno mas importante papel.

Tecnicamente Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra é primoroso. Seu figurino é irretocável, sua maquiagem e efeitos visuais continuam convincentes até hoje e sua trilha sonora, assinada por Klaus Badelt (Miami Vice) - estando este sob supervisão de Hans Zimmer - é marcante, visto que possui um dos temas mais marcantes já feitos. Porém, como não elogiar o trabalho do coordenador de todos os bons elementos dispostos no filme, o diretor Gore Verbinski (Rango), que apesar de não tentar "reinventar a roda" no que se refere a sua maneira de filmar, faz aqui um trabalho competente, empregando o tom do filme ao administrar os momentos de ação, comédia e suspense de forma bastante equilibrada, trazendo uma "pegada" interessante tanto aos duelos de espada quanto as cenas recheadas de efeitos visuais, provando-se assim um diretor de talento para comandar grandes produções. Por fim, não posso deixar de elogiar o trabalho de Dariusz Wolski (Prometheus), que simplesmente dá a cara do filme através de sua fotografia.

Um filme bem amarrado, que possui a rara qualidade de poder agradar adultos e crianças da mesma forma, que conta com a participação efetiva de um dos melhores personagens criados para o cinema dos últimos  tempos e, apesar da fortíssima pegada de fantasia, não gera incômodo em momento algum, pelo contrário, vende pura diversão e cumpre com o que promete. Fechado em si mesmo, Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra pode não vir a ser um clássico de aventura tal qual Os Caçadores da Arca Perdida ou Jurassic Park, por exemplo, mas inegavelmente é uma obra acima da média, que fez escola e continua a conquistar público e mais público, prova maior são suas até então três continuações (que, em comparação a um filme tão bacana quanto este, resumem-se descartáveis e pobres ao tentar emulá-lo, só que de forma cada vez mais exagerada e sem um bom amarramento). Sendo assim, se este pode ser tido como um bom filme, mas nada demais, imagine só como foram avaliadas suas (comprovadamente mais fracas) continuações.

AVALIAÇÃO
TRAILER

Mais Informações:

Texto sobre Piratas do Carine: O Baú da Morte (2006)
Texto sobre Piratas do Caribe: Navegando em Águas Perigosas (2011)
Bilheteria:

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