16 dezembro, 2013

Samurai X (Rurôni Kenshin: Meiji Kenkaku Roman Tan, JAP, 2012).


Lançado diretamente em dvd/blu-ray no Brasil, Samurai X, longa-metragem que adapta a famosa série em quadrinhos japonesa (mangá, para os íntimos) Rurôni Kenshin (ou Rurouni Kenshin), de Nobuhiro Watsuki, pode ser considerada, sem sombra de dúvidas, como uma das mais interessante adaptações cinematográficas do gênero e talvez a melhor do ano de 2013 (ano em que esta foi lançada por aqui). Produção japonesa do mais alto gabarito, o filme dirigido por Keishi Ohtmo (Hagetaka: The Movie) é tecnicamente primoroso e narrativamente preciso, além de apresentar-se bastante equilibrado ao costurar os elementos de ação, humor, informações históricas, aventura, drama e romance que existem na obra original e que foram aqui preservados. Sem sombra de dúvidas, uma grata surpresa.

Adaptando apenas uma pequena parte da saga do samurai andarilho Kenshin Himura (Takeru Satô, muito bem), o filme escrito por Ohtmo e Kiyomi Fujii (Hikidashi No Naka No Rabu Retâ) desperta a atenção do espectador - leitor ou não do mangá original - ao apresentar um prólogo focado no final do conflito que deu vazão à era Meijo no Japão feudal do século XIX. Nos é mostrado o personagem de Himura, espadachim impecável e temido, então conhecido pela alcunha Battösai, para logo em seguida avançarmos alguns anos, quando o personagem nos é reapresentado como um andarilho em busca de redenção, porém, agora incapaz de matar. A trama se desenvolve a partir do dilema moral de Himura/Battösai e é complementada pela insurgência de um novo conflito, que envolve um inescrupuloso comerciante, Kanryuu Takeda (Teruyuki Kagawa, Contos de Terramar) e sua ligação com o comércio ilegal de ópio e o ressurgimento de um ex-soldado à época do conflito de Toba-Fushimi, que agora se autointitula como Battösai. A partir daí são apresentados diversos outros personagens que complementam o arco narrativo principal, que ajudam a delinear os diversos gêneros/estilos (aventura, comédia etc.) que o filme adota para si.

Keishi Ohtmo foi muito feliz na maioria de suas escolhas, tanto naquelas relacionadas a estética do filme - que adota uma postura realista, mas sem esquecer de que está tratando de um personagem estilizado - quanto na condução da produção como um todo. Reuniu um elenco bacana para materializar o rol de personagens para lá de queridos pelo público (especialmente) japonês, além de ter dado uma condensada no texto, deixando, a grosso modo, apenas o essencial para o pleno entendimento da história contada. Quanto ao elenco, destacaria as composições de Satô, que se mostra carismático e surpreende nas cenas cuja exigência física é maior, Koji Kikkawa, o grande oponente de Kenshin Himura no filme e o "chefão" do crime interpretado por Kagawa, que aposta tudo na caricatura sem deixar de convencer. Na parte técnica, além da direção, destaco a trilha sonora composta por Naoki Sato, que mistura elementos sinfônicos aos sons eletrônicos de forma interessante, a fotografia de Takuro Ishizaka, que decupa alguns imagens belíssimas e equilibra bem as paisagens "naturais", os cenários e os efeitos visuais, como também a equipe de arte do filme, formada pelo desenho de produção do filme, figurino e maquiagem. É perceptível que cada centavo foi muito bem gasto para a confecção do longa.

Como dito antes, Samurai X é uma grata surpresa, primeiro por se tratar de uma produção de ação e aventura que não deve nada a qualquer pretenso blockbuster norte-americano e, em segundo lugar, por ter uma coerência narrativa e um cuidado de produção tão grande que o deixam como uma das melhores adaptações cinematográficas de histórias em quadrinhos (mangás) de todos os tempos. Há muito do original aqui, como também há todo um referencial novo, mas é impossível dissociar a qualidade de um do outro. Por outro lado, apesar do esmero, alguns pequenos desvios atrapalham um pouco a coerência do filme, como o excesso de personagens (especialmente de "capangas" do barão das drogas) e o alongamento de algumas cenas de ação, que poderiam ser melhor resolvidas caso fossem melhor editadas. No mais, Samurai X é uma peça de entretenimento formidável, equilibrada e cujo potencial de franquia está mais do que plantado. Esqueça Homem de Ferro 3, O Homem de Aço, Wolverine: Imortal, Thor: O Mundo Sombrio, Kick-Ass 2, Red 2: Aposentados e Ainda Mais Perigosos etc., pois, dos filmes baseados em histórias em quadrinhos lançados em 2013, seguramento Samurai X é o melhor em todos os sentidos. E tenho dito.

AVALIAÇÃO

TRAILER

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