18 dezembro, 2013

Universidade Monstros (Monsters University, EUA, 2013).


Não é de hoje que a Pixar Animation vem perdendo espaço no rol das produtoras de animação, especialmente no sentido criativo, cada vez menos interessante, em grande parte pela falta de conceitos originais - sim, ano passado tivemos Valente, mas este apresentou mais cara Disney que Pixar - e pela adoção em escala industrial de sequências de alguns de seus sucessos - numa estratégia parecida com a da produtora rival, DreamWorks -, como o insuportável Carros 2 e este simpático, porém dispensável Universidade Monstros. Adianto que o filme não é ruim, pois cumpre bem sua função principal de entreter, no entanto, falta encanto à história apresentada, que de tão quadrada não sai do lugar comum, o que, com a vasta mitologia sugerida por este e pelo filme original, é um baita desperdício de potencial.

Contando com a volta do elenco principal de vozes do ótimo Monstros S.A., de 2001 e abraçando a ideia do prelúdio, tão em voga em terras hollywoodianas, Universidade Monstros conta apenas com um dos roteiristas do longa original na parte criativa, Daniel Gerson, que concebe o enredo cujo foco reside nos anos de faculdade dos futuros amigos Mike Wazowski (voz de Billy Crystal, de A Máfia no Divã) e James "Sulley" Sullivan (voz de John Goodman, de O Voo), juntamente a Robert L. Baird e Dan Scanlon, que também acumula a função de diretor. Ou seja, esta segunda aventura no universo dos monstros não conta com parte expressiva da equipe criativa original, especialmente o roteirista Andrew Stanton (John Carter - Entre Dois Mundos) e o diretor Pete Docter (Up - Altas Aventuras), o que não atrapalha o filme do ponto de vista do espetáculo, mas contribui para a falta de referências mais profundas e até mesmo reflexões de cunho filosófico, tão comuns nos primeiros títulos da Pixar.

Apesar de contar com muitos "estreantes" em funções chave - Gerson, L. Baird e Scanlon estreiam aqui em longas-metragens -, é notório que a produção é caprichada, especialmente no âmbito técnico, característica esta que a Disney/Pixar mantém em constante evolução, tamanho o cuidado com todos os detalhes inerentes a uma boa animação, como iluminação, movimentação e pixels e mais pixels à disposição. Logo, se há um problema em Universidade Monstros, este não reside em seu aparato técnico, muito menos no âmbito estético - a exemplo das sequências de Toy Story, é perceptível em Universidade Monstros a evolução narrativa e tecnológica neste sentido -, mas sim no capricho de sua história, no interesse que ela desperta. É certo que não há nada que possa ser considerado como ruim na trama concebida por Gerson, L. Baird e Scanlon, mas esta também não sai do lugar comum, não carrega surpresas, não impacta. A bem verdade, a emoção e o humor do filme quase nunca saem do morno, quando a necessidade primeira seria a do quente.

É bacana rever personagens tão carismáticos como Mike e Sully, especialmente quando compostos com tamanho (e química) por Billy Crystal e John Goodman - no meu ponto de vista, esta conexão só rivaliza com a do trio principal da franquia Shrek, formada por Mike Myers, Eddie Murphy e Cameron Diaz -, e os acréscimos de Helen Mirren (Hitchcock), como a tenebrosa diretora da cadeira de sustos da Universidade (algo como a coordenadora do curso) e de Alfred Molina (Homem-Aranha 2), como o professor de Mike e Sully, vem a somar bastante ao plantel de personagens icônicos a agora franquia. Uma pena que a trama não possua a mesma força que alguns dos novos personagens, o que certamente atrapalhará futuramente na lembrança do filme.

Universidade Monstros é divertido? Sim, com certeza. Traz de volta parte da energia e do interesse do filme de 2001? Sim, traz. Seu visual continua a encher os olhos? Absolutamente. A dinâmica entre as personagens funciona? Sim. Há surpresas na trama? Infelizmente, não. O filme traz algum momento com cacife para se tornar icônico? Acredito que não. Ele é tão bom quanto o filme original? Não. Mas é um filme obrigatório? Longe disso. Dá vontade de rever? A curto prazo, não. Cumpre sua função? Pode-se dizer que sim. Em resumo, é um bom filme? Sim, é, mas poderia ser bem mais... inclusive, poderia não ser.

AVALIAÇÃO
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