O Hobbit: A Desolação de Smaug, segunda parte da trilogia cinematográfica iniciada em O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, não é um filme ruim, todavia, assim como o capítulo inicial da ainda inacabada trilogia, possui muitos problemas - inclusive maiores que do filme de 2012 -, especialmente no que se refere a decupagem de roteiro e a montagem/edição, elementos estes que acabam por tornar este filme interessante no âmbito estético, mas pouco no sentido criativo, apesar do aparato estético continuar impecável, especialmente a direção de arte, o desenho de produção e a maquiagem. Muitas vezes indo de encontro ao que fora apresentado na trilogia O Senhor dos Anéis, este segundo O Hobbit extrapola o tom de reverência que, ao meu ver, já fora excessivo no filme primeiro, tornando esta sequência da aventura de Bilbo Bolseiro (Martin Freeman, de Simplesmente Amor), Gandalf (Ian McKellen, de X-Men: O Filme) e dos treze anões praticamente descartável, visto que a trama, apesar de divertir, anda mas não sai do canto.
Não duvido da capacidade de Peter Jackson como cineasta, até por que a grande maioria de seus trabalhos como diretor (e roteirista) pode ser considerado como acima da média, sendo ele um talentoso diretor de blockbusters com um mínimo de coerência e cérebro. Entretanto, desta vez Jackson abusou do status e do alto poder de decisão alcançado após conquistar diversos Oscar com a trilogia do anel, incluindo filme e direção por O Retorno do Rei, pois sua adaptação de O Hobbit, obra prelúdio de O Senhor dos Anéis, acaba mirando em aspectos que não só a afastam da fonte de origem, como também não encaixam de forma concisa a trilogia cinematográfica de O Senhor dos Anéis, visto que, ao analisar estes dois filmes de O Hobbit é fácil perceber que o remendar de Jackson não gerou uma peça distinta, mas que se encaixa ao apresentado anteriormente. O que tivemos, infelizmente, foi uma colcha de retalhos dona de alguns bons momentos, mas também de furos e enxertos que incomodam bastante.
Assim que finalizei meu passeio pelo filme dois da trilogia O Hobbit um filme me veio a cabeça (não, não foi As Duas Torres): Matrix Reloaded. Assim como a sequência direta de Matrix, O Hobbit: A Desolação de Smaug é um filme repleto de ação, correria e sequências épicas, mas que não promove um grande avanço à trama - o filme passa das duas horas e meia e pouco avança -, inclusive sendo possível limar mais da metade do mesmo sem que se perca coerência no desenvolvimento do que o roteiro se propõe: apresentar a jornada de Bilbo, Gandalf e anões até a chegada à montanha Solitária e o embate com o dragão Smaug (voz de Benedict Cumberbatch, de Além da Escuridão - Star Trek), o que funcionaria apresentando a sequência com as aranhas gigantes, o encontro (de forma concisa) com o rei élfico Thranduil (Lee Pace, da série Pushing Daisies), a fuga (em três minutos, no máximo) dos anões, o encontro com Bard (Luke Evans, de Os Três Mosqueteiros), a partida à montanha Solitária, o encontro com Smaug e, em seguida, sua morte! Tudo isso poderia ser resolvido em pouco mais de duas horas (sendo bastante generoso), mas Jackson opta por inchar seu filme com cenas da jornada extra-oficial de Gandalf e seu ajudante Radagast (Sylvester McCoy) - que, ao meu ver, destrói o mistério base da trilogia do anel, pois confirma de forma escancaradamente não discreta a existência de Sauron! -, de exibição das peripécias de Legolas (Orlando Bloom, de Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra) como guerreiro quase imbatível (sim, as sequências são bacanas, divertem, mas não evoluem a trama, ponto este em análise aqui), a criação de um triângulo amoroso no mínimo forçado (Bloom, Evangeline Lilly, como a elfa Tauriel e Aidan Turner, o anão Fili), dentre outros. O ponto é: há mais gordura que carne em O Hobbit: A Desolação de Smaug.
Acompanhando o fraco roteiro, temos também o oportunismo (ou ingenuidade, vai saber) de Peter Jackson na elaboração das sequências de ação e nos ganchos dramáticos, quase todos basicamente copiados dos apresentados na trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis. Tal opção já tinha incomodado bastante no primeiro filme, especialmente no embate entre a comotiva de Bilbo e os goblins em uma caverna, que nada mais era do que uma versão 2.0 para Xbox ou Playstation 4 da sequência de Moria, apresentada em A Sociedade do Anel. Em O Hobbit: A Desolação de Smaug acontece o mesmo, porém, numa espécie de síndrome Piratas do Caribe 2, de forma ainda mais exagerada e escancarada. Criatividade passou longe, não é mesmo, senhor Jackson? Para não dizer que foi tudo cópia, toda a sequência envolvendo o dragão Smaug é inédita. Uma pena que não funcione perfeitamente (Smaug se mostra como o dragão inteligente mais estúpido da história da Terra Média).
Apesar de não servir bem a narrativa - com este filme fica claro que Jackson, Phillipa Boyens, Fran Walsh e Guillermo del Toro pensaram no projeto como dois filmes, não três -, ser praticamente desnecessário (isto só poderá ser completamente constatado após a estreia do capítulo final da trilogia) e possuir uma montagem desritmada (vício do primeiro filme?), O Hobbit: A Desolação de Smaug não é uma bomba, pois, apesar dos pesares, consegue conquistar (em parte) o espectador, muito devido a emulação de sequências de ação de O Senhor dos Anéis - além da reciclagem de personagens do mesmo -, que atingem com precisão o coração do espectador, que certamente deixará a massa cinzenta um pouco de lado neste momento. A expectativa quanto a um bom desfecho da trilogia continua, mas a paciência já não é a mesma. Todavia, mais do que esperando o terceiro filme, estou imaginando se Peter Jackson empregará a estratégia oposta a de O Senhor dos Anéis: assim que a trilogia for disponibilizada em home-video, ele trabalhará na versão reduzida da mesma, remontando o filme e entregando dois filmes de duas horas ou um de pouco mais de três horas de duração. Esta versão eu assistiria com muito gosto.
Não duvido da capacidade de Peter Jackson como cineasta, até por que a grande maioria de seus trabalhos como diretor (e roteirista) pode ser considerado como acima da média, sendo ele um talentoso diretor de blockbusters com um mínimo de coerência e cérebro. Entretanto, desta vez Jackson abusou do status e do alto poder de decisão alcançado após conquistar diversos Oscar com a trilogia do anel, incluindo filme e direção por O Retorno do Rei, pois sua adaptação de O Hobbit, obra prelúdio de O Senhor dos Anéis, acaba mirando em aspectos que não só a afastam da fonte de origem, como também não encaixam de forma concisa a trilogia cinematográfica de O Senhor dos Anéis, visto que, ao analisar estes dois filmes de O Hobbit é fácil perceber que o remendar de Jackson não gerou uma peça distinta, mas que se encaixa ao apresentado anteriormente. O que tivemos, infelizmente, foi uma colcha de retalhos dona de alguns bons momentos, mas também de furos e enxertos que incomodam bastante.
Assim que finalizei meu passeio pelo filme dois da trilogia O Hobbit um filme me veio a cabeça (não, não foi As Duas Torres): Matrix Reloaded. Assim como a sequência direta de Matrix, O Hobbit: A Desolação de Smaug é um filme repleto de ação, correria e sequências épicas, mas que não promove um grande avanço à trama - o filme passa das duas horas e meia e pouco avança -, inclusive sendo possível limar mais da metade do mesmo sem que se perca coerência no desenvolvimento do que o roteiro se propõe: apresentar a jornada de Bilbo, Gandalf e anões até a chegada à montanha Solitária e o embate com o dragão Smaug (voz de Benedict Cumberbatch, de Além da Escuridão - Star Trek), o que funcionaria apresentando a sequência com as aranhas gigantes, o encontro (de forma concisa) com o rei élfico Thranduil (Lee Pace, da série Pushing Daisies), a fuga (em três minutos, no máximo) dos anões, o encontro com Bard (Luke Evans, de Os Três Mosqueteiros), a partida à montanha Solitária, o encontro com Smaug e, em seguida, sua morte! Tudo isso poderia ser resolvido em pouco mais de duas horas (sendo bastante generoso), mas Jackson opta por inchar seu filme com cenas da jornada extra-oficial de Gandalf e seu ajudante Radagast (Sylvester McCoy) - que, ao meu ver, destrói o mistério base da trilogia do anel, pois confirma de forma escancaradamente não discreta a existência de Sauron! -, de exibição das peripécias de Legolas (Orlando Bloom, de Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra) como guerreiro quase imbatível (sim, as sequências são bacanas, divertem, mas não evoluem a trama, ponto este em análise aqui), a criação de um triângulo amoroso no mínimo forçado (Bloom, Evangeline Lilly, como a elfa Tauriel e Aidan Turner, o anão Fili), dentre outros. O ponto é: há mais gordura que carne em O Hobbit: A Desolação de Smaug.
Acompanhando o fraco roteiro, temos também o oportunismo (ou ingenuidade, vai saber) de Peter Jackson na elaboração das sequências de ação e nos ganchos dramáticos, quase todos basicamente copiados dos apresentados na trilogia cinematográfica O Senhor dos Anéis. Tal opção já tinha incomodado bastante no primeiro filme, especialmente no embate entre a comotiva de Bilbo e os goblins em uma caverna, que nada mais era do que uma versão 2.0 para Xbox ou Playstation 4 da sequência de Moria, apresentada em A Sociedade do Anel. Em O Hobbit: A Desolação de Smaug acontece o mesmo, porém, numa espécie de síndrome Piratas do Caribe 2, de forma ainda mais exagerada e escancarada. Criatividade passou longe, não é mesmo, senhor Jackson? Para não dizer que foi tudo cópia, toda a sequência envolvendo o dragão Smaug é inédita. Uma pena que não funcione perfeitamente (Smaug se mostra como o dragão inteligente mais estúpido da história da Terra Média).
Apesar de não servir bem a narrativa - com este filme fica claro que Jackson, Phillipa Boyens, Fran Walsh e Guillermo del Toro pensaram no projeto como dois filmes, não três -, ser praticamente desnecessário (isto só poderá ser completamente constatado após a estreia do capítulo final da trilogia) e possuir uma montagem desritmada (vício do primeiro filme?), O Hobbit: A Desolação de Smaug não é uma bomba, pois, apesar dos pesares, consegue conquistar (em parte) o espectador, muito devido a emulação de sequências de ação de O Senhor dos Anéis - além da reciclagem de personagens do mesmo -, que atingem com precisão o coração do espectador, que certamente deixará a massa cinzenta um pouco de lado neste momento. A expectativa quanto a um bom desfecho da trilogia continua, mas a paciência já não é a mesma. Todavia, mais do que esperando o terceiro filme, estou imaginando se Peter Jackson empregará a estratégia oposta a de O Senhor dos Anéis: assim que a trilogia for disponibilizada em home-video, ele trabalhará na versão reduzida da mesma, remontando o filme e entregando dois filmes de duas horas ou um de pouco mais de três horas de duração. Esta versão eu assistiria com muito gosto.
★★★
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