19 novembro, 2012

Dia dos Mortos (Day of the Dead, EUA, 1985).

Fechamento da trilogia dos mortos-vivos de George A. Romero, iniciada por A Noite dos Mortos Vivos e continuada com Despertar dos Mortos, Dia dos Mortos mantém a essência dupla de crítica social e estética gore dos filmes de Romero, ao mesmo tempo em que assume uma pegada ainda mais exagerada, talvez por ter sido produzido nos coloridos anos 1980. O próprio cartaz do filme já adianta a referência metafórica e a unidade temática destes filmes ao apresentar em sua arte alusões a noite, ao amanhecer e ao dia. 

Concentrando na premissa uma discussão que aposta numa certa inversão de valores, onde os humanos apresentam-se cada vez mais podres e mesquinhos, enquanto um cientista descobre que há possibilidade de compreensão por parte dos estigmatizados mortos-vivos, Romero mais uma vez dá margem a crítica social, especialmente ao caráter corruptível do homem, afeito a tragédia e que mesmo na mais calamitosa situação não deixa de tomar atitudes egoístas e visar apenas o controle e a manutenção do poder. Dia dos Mortos lida muito bem com a questão da manutenção do status quo, porém se em A Noite dos Mortos Vivos o que predominava era o clima de suspense e a sensação de desconhecimento do que acontecia ao redor, neste filme o clima é direcionado para o exagero e humor involuntário, abraçando de vez a estética B (no bom sentido) tão cara a filmografia de Romero.

Tecnicamente o grande destaque do filme vai para a caracterização dos mortos-vivos e os efeitos de maquiagem dos mesmos. Praticamente sem utilizar efeitos digitais, a equipe de efeitos especiais e maquiagem brilha ao compor criaturas bastante realistas, com certeza superior a muitas de filmes recém-lançados. As  sequências de ataques e mortes elaboradas por George A. Romero são bastante criativas, dando a impressão de que o filme não foi lançado há longínquos vinte e sete anos.

No entanto, apesar da trama interessante e do visual arrebatar, é justo afirmar que o nível do elenco do filme é muito baixo, entregando atuações no mínimo duvidosas, o que acaba por reforçar o caráter B do filme. Ao contrário do primeiro título da trilogia, onde a urgência e o clima de tensão residiam no primeiro plano, em Dia dos Mortos parece oferecer apenas arquétipos e estereótipos na construção de seus personagens - incluindo aí o cientista abilolado e o militar "porra-louca" -, o que acompanhado dos diálogos oitentistas da fita acaba por deixá-la menos "séria" do que o esperado.

Mesmo não sendo tão interessante e impactante quanto A Noite dos Mortos Vivos, Dia dos Mortos é uma boa obra de George A. Romero e oferece um prisma distinto acerca do mesmo tema, aspecto comum ao diretor. Menos assustador, contudo mais gore (não recomendado aqueles de estômago fraco), Dia dos Mortos fecha bem a trilogia, especialmente por manter a veia crítica dos filmes anteriores e atualizá-las ao contexto social da época. Resta agora conferir o capítulo segundo, Despertar dos Mortos, pois assisti apenas a sua refilmagem, por aqui intitulada Madrugada dos Mortos e dirigida pelo "visionário" Zack Snyder.

AVALIAÇÃO
TRAILER

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Bilheteria:
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