02 novembro, 2012

Os Pássaros (The Birds, EUA, 1963).


Um dos filmes mais conhecidos de Alfred Hitchcock, Os Pássaros também pode ser considerado, ao lado de Psicose, como seu trabalho mais assustador. Tendo como veículo condutor o ataque inesperado de diversos pássaros aos habitantes de uma pequena cidade portuária na Califórnia, o filme estrelado por Tippi Hedren (A Condessa de Hong Kong), Rod Taylor (A Máquina do Tempo), Jessica Tandy (Tomates Verdes e Fritos) e Suzanne Pleshette (Um Clarim ao Longe) tem no horror seus melhores momentos, especialmente pela condução sistemática de Hitchcock, que vai apresentando os elementos de tensão num crescendo que culmina numa caótica coalizão de ataques de espécies distintas de pássaros (gaivotas, corvos, graúnas etc.) aos populares. 

Contudo, apesar do clímax do longa ser comumente referenciado e revisitado em diversas outras produções do gênero que viriam após o sucesso do filme (ou seja, mais uma vez o mestre do suspense fez escola), o grande barato é que o filme possui vida mesmo sem o ataque dos pássaros, visto que é conduzido de maneira a desenvolver seus personagens desde o início da trama, característica única de Hitchcock, que leva o tempo que for para construir a ambientação necessária ao filme antes de apresentar ou sugerir o conflito tema da obra.

Talvez Os Pássaros seja o único filme de caráter B da carreira do cineasta inglês e de maneira algum isto é demérito. Evento mal explicado, paranoia, muito sangue e clima de urgência aliado a uma produção mediana - acredito eu proposital -, estas características são pertencentes ao filme, mas em comparação as produções thrash que também abraçam tais elementos, a condução de Hitchcock é refinada, apresentando uma história que apresenta tipos comuns de pequenas cidades, com direito a crendice popular e olhares de admiração a forasteiros, além de tratar com esmero do seio familiar, no caso deste filme ao apresentar um homem solteiro (Taylor) que vive com a mãe (Tandy) e a irmã (Veronica Cartwright) e seu então relacionamento com uma "problemática" mulher (Hedren) que vem a cidade a sua procura. Devido ao tempo que dedica a construção das personagens, ao mesmo tempo em que se insere pistas de perigo iminente à trama, é fácil perceber por que os filmes de Hitchcock são no mínimo diferenciados de outras produções do gênero.

Escrito por Evan Hunter e baseado em um conto de Daphne Du Maurier, Os Pássaros é mais um filme representativo à carreira de Alfred Hitchcock, que estabelece aqui conceitos que viriam a ser repetidos à exaustão por outros filmes, como a sensação de perigo apesar de nada ser mostrado, característica que seria utilizada com ainda mais força em Tubarão, de Steven Spielberg e o fato de a razão/motivação do ataque dos pássaros não ser apresentada - há sugestões quanto a ela, mas sinceramente isso não é tão importante ao filme, muito menos seu foco -, elemento também utilizado no filme Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan (infelizmente, não tão bem posta). Apesar de não ter lampejos de genialidade explícita, Os Pássaros tem seu valor como obra e continua tenso e agoniante ainda hoje, prestes a completar cinquenta anos de idade. Quantos filmes do gênero continuam minimamente relevantes passados tantos anos? Bem poucos, mas Os Pássaros com certeza integra essa lista.

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