08 setembro, 2012

Branca de Neve e o Caçador (Snow White and the Huntsman, EUA, 2012).


Branca de Neve e o Caçador, mais nova versão do clássico conto "infantil", é um filme de aventura bacana, mesmo que tenha tudo para ser logo esquecido. Dono de um visual deslumbrante e de efeitos visuais bastante competentes, esta primeira incursão de Rupert Sanders como diretor de longa-metragem lembra bastante alguns filmes de fantasia da década de 1980, como Willow, na Terra da Magia, O Feitiço de Áquila e A Lenda, principalmente no que se refere à concepção visual e ao clima misto de matinê e seriedade. Apesar das boas referências, o filme tem em seu roteiro seu maior problema, visto que apesar do argumento do novato Evan Daugherty ser interessante, a falta de profundidade e descartabilidade de muitos dos personagens inseridos à trama e a tentativa de tornar a história mais épica do que o necessário acabam agindo contra o filme, tornando-o bonito e heroico, mas menos interessante do que a priori aparentava. Muito disso se deve à forma com que Daugherty, juntamente a Hossein Amini (Drive) e John Lee Hancock (Um Mundo Perfeito) optaram por construir e formatar o roteiro, tornando uma ideia até então bacana num colchão de referências mais do que óbvias a outros filmes de contexto similar, como a trilogia O Senhor dos Anéis e Alice no País das Maravilhas (por "coincidência" Joe Roth é produtor tanto deste último quanto de Branca de Neve e o Caçador), além de uma pitada de Stardust, o Mistério da Estrela.

Ainda no âmbito do roteiro, a necessidade de criar novas inserções para os personagens clássicos da mitologia de Branca de Neve, aqui interpretada timidamente por Kristen Stewart (franquia Crepúsculo), como o príncipe (Sam Claflin, de Piratas do Caribe: Navegando em Águas Perigosas), o caçador (Chris Hemsworth, de Os Vingadores) e principalmente os sete anões - interpretados por Bob Hoskins (Uma Cilada para Roger Rabbit), Ian McShane (Scoop, o Grande Furo), Nick Frost (Chumbo Grosso), Ray Winstone (Os Infiltrados), Toby Jones (Capitão América: O Primeiro Vingador), Eddie Marsan (O Ilusionista), Brian Gleeson (A Legião Perdida) e Johnny Harris (RocknRolla) -, que acabam meio que jogados à história, não possuindo nenhuma relevância dramática para o andamento trama. Sendo assim, apesar da possível boa intenção, essa nova roupagem do mito Branca de Neve acaba sabotando a si mesmo, visto que a tentativa de frescor impetrada acaba descaracterizando a importância de um alguns personagens antes bastante relevantes ao conto que inspirou o roteiro deste filme.

Como dito acima, o visual é o grande destaque de Branca de Neve e o Caçador. Tanto o trabalho da  experiente figurinista Colleen Atwood (parceira recorrente de Tim Burton em filmes como Edward Mãos-de-Tesoura e o recente Sombras da Noite, por exemplo) quanto o do designer Dominic Watkins (Zona Verde) estão excelentes, mesmo com as óbvias "homenagens" feitas pelo último, que em alguns momentos chegam a incomodar um pouco. A música de James Newton Howard (Jogos Vorazes), apesar de não ter um tema que marque, conduz bem o espectador entre a miríade de tons do filme, pontuando bem o longa como um todo. Quanto aos efeitos visuais, apesar de não apresentar nenhuma técnica revolucionária, preenche bem o filme e contribui com sobras para a credibilidade visual do filme como um todo. 

Apesar de contar com um grande elenco - tanto em número quanto em qualidade -, o grande destaque nele é inquestionavelmente Charlize Theron (Jovens Adultos), que transpira beleza e talento, além de muita diversão em sua composição para a personagem Ravenna, mais conhecida como a Rainha Má. Não é que Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Sam Claflin e os demais membros do elenco estejam ruins em seus respectivos papéis, mas a impressão que dá é que a única que realmente se mostra a vontade ao se ver imersa neste universo particular é a oscarizada Charlize Theron. Uma observação inútil, mas em que mundo alguém (neste caso, o espelho mágico) consideraria Stewart mais bela - mesmo com a boba explicação de beleza "interna" - do que Theron? Não que a eterna Bella da saga Crepúsculo seja uma mulher feia, longe disso, mas não vamos confundir bife na mesa com bife à milanesa, não é?

Branca de Neve e o Caçador não está nem próximo de ser considerado como um filme ruim, mas muito menos tem as ferramentas necessárias para tornar-se uma referência ou marco do gênero. Mesmo não comprometendo, a direção do estreante Rupert Sanders é trôpega, ficando mais do que claro que este desejava fazer desse filme o seu O Senhor dos Anéis, mas infelizmente para Sanders ele não é Peter Jackson. Em suma, mesmo com os óbvios problemas narrativos e a ilusão de grandiosidade excessiva passada através das constantes tomadas em plano aberto - grandiosidade esta que nunca chega, visto que o único momento onde temos batalhas ou algo do gênero se dá praticamente no encerramento do longa - e do excesso de gordura na metragem do filme (são mais de duas horas de projeção, então obviamente há momentos de pura enrolação, até por que esta obra é derivada de um conto, não é mesmo?), Branca de Neve e o Caçador diverte, deslumbra visualmente, traz pelo menos uma personagem inspirada e, apesar dos inúmeros clichês, cumpre suficientemente bem seu papel como entretenimento. Não despertou em mim uma vontade sincera de conferir uma possível sequência, mas me instigou a ir atrás de outra adaptação do clássico conto dos irmãos Grimm para o cinema (Espelho, Espelho Meu, também lançado em 2012), a rever a clássica animação da Disney, como também ler o conto que inspirou estas e outras produções.

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