05 setembro, 2012

Inimigo do Estado (Enemy of the State, EUA, 1998).


Lançado três anos antes do ataque terrorista ao World Trade Center, Inimigo do Estado carrega consigo diversos dos elementos que viriam a ser excessivamente abordados nas produções pós-11 de setembro, só que com um nível de frescor e senso crítico mais apurado do que estas. Dirigido pelo recém falecido Tony Scott (Top Gun - Ases Indomáveis), este filme é um thiller de ação muito interessante, equilibrado entre o teor questionador político e a diversão despretensiosa quanto a verosimilhança a fatos reais, em especial no "exagero" das tecnologias apresentadas e no climão de paranoia e perseguição frenética.

Estrelado por Will Smith (Homens de Preto), que vive aqui um advogado bem-sucedido jogado numa situação fora do comum e contando com as participações de Gene Hackman (Superman, O Filme), Jon Voight (Transformers), Regina King (Máquina Mortífera) e Jack Black (Escola de Rock), o filme de Scott trata de vigília por parte do governo e de prevenção de crimes através da restrição da privacidade do cidadão, visto que nos é apresentado que o departamento de Segurança Nacional, na figura do personagem de Voight, pretende oficializar um vasto programa de monitoração de todos os canais de comunicação do país, mesmo que esta operação resvale na ilegalidade. A premissa do filme passa por momentos de incredulidade, em especial pela incompetência da NSA em "capturar" um simples cidadão (Smith), mas seu desenvolvimento é tão dinâmico e divertido, cheio de tensão, suspense e ação, que os buracos que surgem pelo caminho são facilmente ignorados.

O fato do filme ter sido desenvolvido e lançado bem antes da instituição das políticas antiterroristas aplicadas nos Estados Unidos só comprovam a perspicácia e importância do mesmo, que exceptuando os hardwares e aparatos tecnológicos mostrados durante o andamento do filme, mantém-se atual e relevante. O roteirista David Marconi (Duro de Matar 4.0) consegue dosar bem os momentos de tensão e correria com os de questionamento e ideias, tornando o filme divertido e interessante ao mesmo tempo.

Conhecido principalmente como diretor de ação, Tony Scott comprova aqui que entende bem o gênero, dando ritmo ao filme e optando por tomadas ao mesmo tempo dinâmicas e elegantes. Ao contrário de Michael Bay, por exemplo, Scott não precisa confundir seu cérebro e visão para tornar o filme frenético e envolvente, visto que prefere conduzi-lo de forma clara e eficiente, dando toda uma marca a obra.

Contando com a participação de ótimos atores em breves pontas, onde se destacam as do saudoso Jason Robards (Todos os Homens do Presidente), do hoje sumido Tom Sizemore (Vivendo no Limite), do filho de James Caan, Scott Caan (Onze Homens e um Segredo), do pouco notado mas bom ator Barry Pepper (Bravura Indômita) e do comediante Jason Lee (O Apanhador de Sonhos), dentre outros, Inimigo do Estado é um filme divertido e inteligente, que ainda não se mostra envelhecido e que traz alguns conceitos bastante relevantes para nossa atual conjuntura política, onde cada vez mais nos vemos monitorados, sabatinados e seguidos, seja pelas diversas ferramentas que utilizamos via Internet, sejo pelos aparatos de telefonia, a questão da privacidade nos é cara e importante, e deve ser preservada, mesmo que ainda não tenhamos dado a ela tanta atenção assim. 

Eficiente como filme de ação, bem intencionado, articulador de boas ideia, mas antes de tudo uma obra feita para entreter, Inimigo de Estado é um grande trabalho de Tony Scott, pré-piração visual do diretor (fase última do cineasta, nos anos 2000) e possuidor de boas performances de Will Smith e de Gene Hackman, que dão uma profundidade maior aos seus personagens do que o roteiro exige, conferindo assim ainda mais personalidade ao filme. Passados quase 14 anos desde seu lançamento, eis um filme que não merece ser esquecido, pois mostra-se ainda superior a muitos dos títulos de ação que aportam nos cinemas ultimamente. Em suma, um bom filme, pipoca de cabo a rabo, mas com muita qualidade.  

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