18 setembro, 2012

Celebridades (Celebrity, EUA, 1998).


Não concordo com a chamada do cartaz de Celebridades, que diz que o filme é sobre pessoas que fariam qualquer coisa para serem famosos ou para manter-se famosos. Creio que não foi esta a pretensão de Woody Allen (Hannah e suas Irmãs) ao escrever esta comédia, mas sim contar alguns dramas de relacionamentos com um pano de fundo envolvendo o universo das celebridades, especialmente as oriundas da televisão e do cinema.  Em suma, apesar de não perder o pique em momento algum e nos chamar a atenção para mais um alter-ego do cineasta interpretado por um grande ator (desta vez a missão coube ao inglês Kenneth Branagh, de Sete Dias com Marilyn), no geral a obra não desperta tanto interesse, risos ou mesmo reflexões aprofundadas, características estas quase sempre intrínsecas às obras do cineasta.

Entretanto, esta falta de empatia e quiçá novidade do enredo não torna Celebridades um filme ruim, muito menos desinteressante. Pelo contrário, alguns diálogos, ideias e personagens que o permeiam são bastante interessantes, em especial o jornalista interpretado por Branagh e sua então esposa, vivida por Judy Davis (Simplesmente Alice), que apresentam-se como antíteses um do outro, especialmente no que se refere aos costumes e ao comportamento. As pontas de Leonardo DiCaprio (O Aviador) e de Melanie Griffith (Dublê de Corpo) também são destaques, especialmente a interpretação/personagem transloucado do primeiro.

A correção técnica de Allen continua exposta neste trabalho, acentuada pelo grande trabalho de fotografia do sueco Sven Nykvist (Persona), parceiro recorrente do mestre Ingmar Bergman, que escolhe o branco e preto como opção estética. Este trabalho marcou seu último registro como cinematógrafo. A trilha musical do filme também é muito bem colocada, musicando bem as tramas que movem a obra. 

Como todo grande autor, algumas de suas obras não marcam tanto quanto outras e, infelizmente (ou não) Celebridades encontra-se no patamar dos bons trabalhos, porém apenas corretos, não imperdíveis. No entanto, apesar de não despertar uma grande atenção através deste filme que presta certa homenagem ao status celebridade almejado por grande parte da civilização moderna ocidental, não possui a força ou o frescor de seus filmes mais reverenciados (além de sedimentar sua má fase em arrecadação), porém ainda prevalece com sobras se comparado a diversas outras comédias contemporâneas, até por que, sejam excelentes ou não, os filmes de Woody Allen sempre trazem consigo camadas de conteúdo e possibilidades de discussões e debates riquíssimas, ao mesmo tempo em que faz rir. Mérito de gênio, não?

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