05 janeiro, 2014

Rush - No Limite da Emoção (Rush, ALE/GBR, 2013).

"Um magnífico filme inspirador" (Revista GQ).
"Emocionalmente assustador e imperdível" (Jornal Daily Star).
"Tenso e eletrizante" (Revista Time Out).
Ron Howard (EdTv), apesar de ser um sujeito calejado e vencedor de dois Oscar (filme e direção, por Uma Mente Brilhante), possui uma carreira de altos e baixos, realizando um filme bacana a cada dois duvidosos (em média). Prefiro acreditar que o problema esteja na (em geral) má escolha de projetos por parte de Howard e não em sua "mediocridade" como diretor, visto que é notório, ao analisarmos os títulos de sua filmografia, que o mesmo sabe como dirigir, a questão é que nem só de direção vive um bom filme e Howard tem uma penca de filmes fracos. Todavia, como quando menos esperamos o diretor acerta, com Rush - No Limite da Emoção, produção britânico-alemã bancada de forma independente e que narra um dos anos mais competitivos da Fórmula 1, quando o embate se dava entre os jovens pilotos Niki Lauda (Daniel Brühl, de Feliz Natal) e James Hunt (Chris Hemsworth, Thor: O Mundo Sombrio), o diretor nos apresenta um espetáculo cinematográfico muito bem conduzido, equilibrando drama, aventura e sequências de "ação" de tirar o fôlego. Um filme que, assim como a competição a qual presta homenagem, é de primeira categoria.

É difícil não se apegar ao filme, pois há elementos que perpassam o escopo de uma cinebiografia convencional e muito disso se deve a direção segura de Howard e ao roteiro redondo entregue pelo vencedor do Globo de Ouro (por A Rainha) Peter Morgan (360), que divide bem o tempo de exposição de cada um dos dois pilotos, tanto formando seus respectivos backgrounds, quanto se dedicando a sedimentar a rivalidade entre eles. Contudo, para que este texto funcionasse à perfeição, um bom elenco se faz necessário e os dois atores que encarnam Hunt e Lauda, Chris Wemsworth e Daniel Brühl, dão um show a parte, encontrando-se irrepreensíveis em seus respectivos papéis. 

Muito se falou da composição de Brühl no filme e esta realmente encontra-se incrível, mas é fato que a de Hemsworth foi deixado um tanto de lado pela crítica especializada, o que é uma baita injustiça, pois, apesar de abraçar um personagem distinto do de Brühl (para alguns, mais "fácil"), Hemsworth realiza também um trabalho de encher os olhos, nos fazendo acreditar na força e no talento de um sujeito irresponsável, bon vivant, competidor insaciável. É fato que o primeiro arrasa ao compor o piloto metódico, seguro de si e um tantinho antipático, mas Hemsworth não está atrás, sendo este um filme possuidor de duas interpretações impecáveis, mas distintas entre si, como os dois lados de uma mesma moeda.

Focando basicamente  as temporadas de 1975 e 1976 da Fórmula 1 (especialmente a segunda), a trama do filme se desenvolve a partir da busca incessante de James Hunt pelo título mundial após Lauda conquistar o posto no ano anterior. Entre "embates" e discussões extra-pista, acompanhamos os duelos e conflitos entre os pilotos dentro das pistas, quando nos é apresentada de forma ficcionalizada uma das temporadas mais eletrizantes da história da competição, que, à época, possuía um índice absurdo de acidentes seguidos de morte. O filme não levanta de forma direta a reflexão de que, quanto menos seguro (no sentido amplo), mais eletrizante, no entanto, é fácil notar que a Fórmula 1 perdeu parte de seu charme quando a tecnologia sobrepujou o talento do piloto na condução do veículo e na tomada de decisões durante uma corrida.

No quesito técnico, Rush - No Limite da Emoção é sublime. Apesar de trabalhar com investidores não pertencentes ao círculo hollywoodiano, Ron Howard manteve parte da equipe que costuma trabalhar em seus filmes, como os montadores Daniel P. Hanley e Mike Hill (O Código Da Vinci, Frost/Nixon), o compositor Hans Zimmer (A Origem, O Homem de Aço) e o produtor Brian Grazer, que trabalhou com o cineasta nos seus filmes mais importantes, mas também com nomes novos como o diretor de fotografia vencedor do Oscar por Quem Quer Ser um Milionário?, Anthony Dod Mantle (Em Transe) - excelente - e o desenhista de produção Mark Digby (Dredd), que juntamente a equipe de figurino e maquiagem, consegue transpor de imediato a plateia de hoje aos anos 1970. Apesar do bom trabalho realizado por todos, um dos maiores destaques do filme encontra-se em sua mixagem e edição de som, especialmente nas sequências de corrida, que ampliam a emoção exposta na imagem de forma sensacional.

Já podendo ser considerado como um dos melhores filmes da filmografia de Ron Howard, além de apresentar a melhor atuação (até então) de Chris Hemsworth e comprovar de vez a versatilidade do ator alemão Daniel Brühl, Rush - No Limite da Emoção é mais do que uma peça de entretenimento bacana, pois além de registrar em forma de ficção acontecimentos reais, trabalha elementos humanos que independem dos eventos das pistas, como a capacidade de superação, a obstinação pelo alcance de melhores resultados sempre, além de conseguir, pelo menos em parte, desconstruir a relação herói/ bandido, visto que, apesar da exposição um tanto maior do personagem de Hemsworth, não há no filme uma distinção de quem representaria o bem e quem representaria o mal, pois tanto o roteiro de Morgan quanto as composições dos protagonistas abraçam o cinza, o que torna a experiência cinematográfica ainda mais rica e empolgante. Certamente este é um dos melhores filmes de 2013 (pena que não o vi a tempo de escrever minha lista contendo os melhores do ano), em todos os sentidos e não será surpresa nenhuma se este acabar por receber (quiçá vencer) algumas indicações ao Oscar.

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TRAILER

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