10 setembro, 2012

O Indomável - Assim é Minha Vida (Nobody's Fool, EUA, 1994).


"Inteligência, trabalho e beleza venceram!". (frase citada pelo advogado de Will Sullivan, personagem de Paul Newman, referenciando uma citação recorrente do próprio Sullivan).
É muito bom quando você se surpreende com um filme conforme o mesmo vai sendo desenvolvido. Esta verdadeira crônica de costumes, transmitida na forma de um drama leve, com toques de comédia, que abraça uma parte da história de um homem (Paul Newman, de O Veredicto) incompreendido por seus pares, mas que numa certa idade (ligeiramente tardia, por sinal) da vida passa a compreender bem melhor a importância de pontos como amizade, família, carinho, afeição e apreço no seio em que convive, sem com isso perder sua própria identidade, seu status-quo, sua personalidade. A composição de homem solitário, ranzinza, divorciado e com pouco (leia-se nenhum) contato com a família feita por Newman, um dos maiores atores norte-americanos da história, é brilhante e transparece tanto desapego quanto simpatia ao seu personagem, fazendo valer sua indicação ao Oscar por este trabalho, além do Leão de Prata de melhor ator no Festival de Cinema de Berlim.

Baseado na obra do escritor Richard Russo, O Indomável - Assim é Minha Vida tem roteiro e direção de Robert Benton (Kramer vs. Kramer), cineasta mais do que acostumado a tratar de temas ligados à família, em especial a paternidade e que aqui realiza um ótimo trabalho, conduzindo o filme bem mais sobre o prisma da atuação do que do da descrição visual do roteiro. Benton também imprime excelentes falas aos personagens do filme, tornando-as bastante dinâmicas, engraçadas e profundas ao mesmo tempo. Contando com um brilhante elenco de apoio, formado pela querida Jessica Tandy (Tomates Verdes e Fritos) - que faleceu antes do lançamento do filme, tendo este sido dedicado a ela -, Bruce Willis (Os Mercenários 2), Melanie Griffith (Dublê de Corpo), Dylan Walsh (série Nip/Tuck), Pruitt Taylor Vince (Mississipi em Chamas) e Phillip Seymour Hoffman (Capote) e uma trilha sonora singela e bem coloca a cargo de Howard Shore (A Invenção de Hugo Cabret), que comprova aqui que pode ser competente fora de sua zona de conforto (geralmente Shore é convocado para trabalhar em filmes mais densos, como thrillers e filmes de terror). 

O contexto geral de O Indomável é simples, porém os temas perpassam-no são de profundidade ímpar, visto que não se limitam a explanação de conflito familiar, a falta de figura paterna e a tão buscada redenção, mas sim das relações, dos conflitos e das conquistas entre os seres humanos em sua totalidade, apresentando então um olhar bastante sensível e profundo, mas de forma leve e atrativa, acerca de alguns temas tão caros as nossas vidas, mas que devido ao corre-corre constante pelo qual passamos, acabamos por não notar ou simplesmente dar a devida atenção a pequenos detalhes que acabam por nos prejudicar logo ou um pouco depois.

Lançado no mesmo ano onde outras grandes obras ganharam as telas, dentre elas Pulp Fiction - Tempos de Violência, Forrest Gump - O Contador de Histórias, Quatro Casamentos e um Funeral, Um Sonho de Liberdade (todos indicados ao Oscar de melhor filme, sendo que Forrest Gump acabou por sagrar-se vencedor), Ed Wood, Tiros na Broadway, dentre outros, o filme de Robert Benton acabou acumulando apenas duas indicações à maior premiação de filmes dos Estados Unidos (ator e roteiro adaptado), num ano mais difícil do que o normal para se escolher um único ganhador.

Em essência um filme de atuação, temos em O Indomável - Assim é Minha Vida (por sinal, apesar de fazer sentido à trama, mais um título que descaracteriza por completo o original) uma performance impecável de Paul Newman, que esbanja um charme raro e um estupendo domínio de tela, não só por sua óbvia beleza natural, mas também pelo imenso carisma e talento, possivelmente conquistando o espectador de imediato. Apesar do restante do elenco e do diretor e roteirista Robert Benton estarem perfeitos em suas funções, inquestionavelmente este é um filme onde Newman brilha mais que os demais e neste caso isto ressoa mais do que positivo.

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