"No futuro, um homem é a Lei". (Chamada do cartaz promocional do filme).
Há claros pontos positivos e pontos negativos em O Juiz, primeira adaptação das histórias em quadrinhos de Juiz Dredd para o cinema. O aspecto visual (cenografia e efeitos especiais), por incrível que pareça - a produção data de 1995 - continua eficiente, mesmo que seja um tanto quanto "limpo" demais para a proposta de futuro apresentada no texto que introduz o filme. No entanto, o figurino é digno de risadas, pois mesmo que o mesmo tente manter-se fiel ao visual dos quadrinhos, não dá para simplesmente transpor totalmente uma mídia à outra. Resultado? Power Rangers 2.0. Ou seja, mesmo que alguns elementos visuais chamem atenção, a obra acaba sendo auto-sabotada pelo excesso de elementos "bregas", que acabam por tornar o filme com mais cara de cosplay do que de realidade alternativa futura.
Afora o visual, o que realmente desfavorece O Juiz é seu roteiro, mas não somente a história em si, que mesmo boba, rende um ou outro momento interessante, mas sim a forma de abordagem do mesmo. Os roteiristas Michael DeLuca (À Beira da Loucura), William Wisher Jr. (O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final) e Steven E. de Souza (O Sobrevivente) acabaram escrevendo um filme um tanto quanto satírico, de atuações exageradas e violento e infantil ao mesmo tempo, resultando num produto incongruente e, mesmo que divirta em alguns momentos, frágil. Também não ajuda o fraco desempenho do diretor Danny Cannon (Gol), que aparentemente age como um simples reprodutor das "normas do cinema de ação genérico" e não emprega nenhuma marca própria ou conduz uma cena mais ousada. Vendo filmes como este, onde uma premissa de futuro distópico e violento é apresentada através de um festival de tiradas cômicas e um Sylvester Stallone (Os Mercenários) usando lentes de contato sem nenhuma explicação lógica - e não cabe o argumento de que isto foi feito para criar uma relação com Rico, personagem do francês Armand Assante -, sinto ainda mais saudades da época em que este tipo de projeto era entregue a mãos de caras como Paul Verhoeven e David Cronenberg, por exemplo.
Na maior parte do tempo uma comédia de humor involuntário (isso mesmo), O Juiz pode ser visto como um entretenimento razoável se você não se importa com o cenário político-social que em "teoria" envolve aquele universo, mas nada justifica o desperdício de um ator do porte de Max Von Sydow (Hannah e suas Irmãs) num papel tão inexpressivo narrativamente e a utilização de Rob Schneider (Gigolô por Acidente) como "parceiro" involuntário de Stallone (que, por sinal, interpreta Juiz Dredd).
Comparado a recente versão cinematográfica do personagem, O Juiz perde em todos os sentidos, especialmente no quesito fidelidade, não só a proposta da obra original, mas também a proposta lançada pelo próprio filme nos créditos iniciais. Sylvester Stallone acaba interpretando um Dredd cheio de frases de efeito e bicos, com um interesse amoroso (Diane Lane, de Infidelidade) que nunca convence. Ou seja, apesar de não ser uma obra horrorosa, a maior qualidade de O Juiz recai no inusitado caráter B que a obra alcançou ou na malfadada aura cômica que entrecorta todo o filme. E quanto ao fato de Dredd passar cerca de 80% do filme sem o capacete, paciência.
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