"O que você esconderia para proteger a sua família?" (Frase do poster promocional).
Apesar de não trazer inovação ao gênero e ter um discurso moral no mínimo enviesado, Contrabando mostra-se como um filme de ação eficiente. Confesso que curto o trabalho de Mark Wahlberg (Os Infiltrados) como ator, portanto tento conferir a maioria dos filmes em que o mesmo se encontra. Obviamente que o retrospecto do ator não é impecável, mas não é com esse Contrabando que o meu interesse pelo astro será esmorecido. Voltando ao filme, este trata-se de um remake de uma obra finlandesa intitulada Reykjavík-Rotterdam, que fora estrelada pelo então diretor da versão norte-americana, o também filandês Baltasar Kormákur. Não posso julgar a obra original, mas confesso que, apesar de correta, não consegui enxergar o motivo de se traduzir uma obra tão sem novidades para o universo yankee.
Temos em Contrabando o "hoje" comum anti-herói em busca de uma nova vida (trata-se do contrabandista que o título do filme referencia), mas que, por ação do destino - disfarçado de amigos e ex-aliados - acabam "forçando-no" a voltar à ativa e realizar um último serviço. Até então o filme - apesar de como dito não apresentar novidades - vai caminhando bem, provocando momentos de tensão durante a execução do plano do personagem de Wahlberg para trazer dinheiro falso do Panamá aos Estados Unidos e estabelecendo bem as personagens que o circundam, apesar de cada uma delas não saírem do estereótipo comum a tramas do gênero (inclusive o de Wahlberg). Porém, mesmo com a falta de criatividade, o filme ia caminhando bem, cumprindo o mínimo de sua função, a de entreter. Entretanto, do meio para o final as reviravoltas e acontecimentos de cunho moral duvidoso, além da série de "coincidências" narrativas dispostas pelo roteiro de Aaron Guzikowski (baseado no argumento original de Arnaldur Indriõason e Óskar Jónasson) que acabam por melar grande parte dos pontos positivos do longa, visto que as viradas clichês são mal aplicadas.
Tendo seu elenco completado por Ben Foster (Os Indomáveis), Kate Beckinsale (O Vingador do Futuro), Giovanni Ribisi (Avatar) - irritantemente exagerado -, Caleb Landry Jones (X-Men: Primeira Classe) e J.K. Simmons (trilogia Homem-Aranha), além de contar com uma ponta dispensável do mexicano Diego Luna (E Sua Mãe Também), Contrabando ainda assim cumpre relativamente seu papel e entretém, apresentando alguns bons momentos como a cena de abertura (cujo visual automaticamente me remeteu ao filme Miami Vice, de Michael Mann) e a condição (leia-se ação) do contrabandista vivido por Mark Wahlberg, que mesmo não crível, desperta interesse (estamos falando de cinema, não da "vida real"), porém suas reviravoltas estapafúrdias e moral distorcida (principalmente no que se refere a julgamento de valor, afinal de contas quem é moralmente "correto" neste filme?) acabam tirando bastante da obra no sentido de afeição e credibilidade. Diversão passageira, Contrabando em suma é um bom filme, mas filmes bons temos aos montes, não é mesmo?
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