07 outubro, 2012

Intocáveis (Intouchables, FRA, 2011).


Fenômeno de bilheteria ao redor do mundo (é o filme francês mais mais rentável da história) e dono da marca de filme mais visto em 2011 França, além de encontrar-se atualmente na terceira posição dentre os filmes mais vistos de todos os tempos no país, Intocáveis é um filme delicado e comovente, com óbvias pretensões de inspirar e causar bem-estar naqueles que o assistem, mas que possui equilíbrio suficiente para não incomodar os mais amargurados, nem forçar lágrimas em excesso dos mais sensíveis. Inspirado em fatos reais, a obra conquistou multidões em várias partes do globo e, mesmo que a essência da história não seja de grande novidade, tem o raro dom de causar identificação imediata, simplesmente por tratar de seres-humanos de forma humana. Simples assim.

Dirigido e escrito pela dupla Eric Toledano e Olivier Nakache, a trama do filme abraça a inusitada amizade entre um "auxiliar de enfermagem" estrangeiro e um milionário tetraplégico como ponto de partida para a explanação de temas tão caros a todos nós, passando obviamente por tabus de ordem social, econômico e cultural , contudo de uma maneira bastante descontraída e envolvente, que conquista tanto por ser simples e objetiva - mesmo que se trate de temas bastante subjetivos - quanto pela ótima construção e desenvolvimento dos personagens, especialmente da dupla de protagonistas, que tomam forma através dos talentos de François Cluzet (Não Conte à Ninguém) e Omar Sy (Micmacs) respectivamente.

Sy interpreta o "enfermeiro" alto-astral e verdadeiro que provoca óbvias mudanças de paradigmas no até então sisudo e introspectivo personagem de Cluzet, que fisicamente lembra bastante o ator norte-americano Dustin Hoffman. Pela construção deste personagem, Omar Sy acabou arrebatando alguns prêmios importantes, dentre eles o César de melhor ator, prêmio este considerado como o "Oscar francês". Perfeitamente válido, mas creio que o trabalho de Cluzet é tão ou até mesmo melhor do que o de seu companheiro de tela, especialmente pela óbvia dificuldade em se interpretar, de forma crível, um personagem que possui apenas os momentos da cabeça e que, consequentemente, deposita toda a força de sua atuação nas movimentações das formas do rosto e na entonação de voz. Para mim um trabalho tão competente e impactante quanto o de Sy, o que deveria ter resultado também em premiação (infelizmente o ator teve que se contentar com as indicações).

Basicamente um filme de atores, neste sentido Intocáveis não decepciona. Com um roteiro obviamente formatado para a construção de personagens que despertassem interesse e com uma direção precisa de atores a cargo de Toledano e Nakache, que parecem ter dado uma grande liberdade para Cluze e Sy brilharem, este provável representante francês ao Oscar de filme estrangeiro (e possível vencedor desta categoria) é um filme bonito, que resgata uma história real também bonita e a transforma num puro e eficiente produto cinematográfico, onde é conjugado em harmonia de conteúdo, diversão e técnica, o que não justifica o estabelecimento do mesmo como um às do cinema francês, até por que a formatação geral da obra - independentemente de ser ou não baseada em elementos reais - bebe mais da filmografia norte-americana do que mesmo da escola francesa, porém o coroam como um filme inequivocamente excelente.

AVALIAÇÃO
TRAILER

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Bilheteria:

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