22 outubro, 2012

Poder Paranormal (Red Lights, ESP/EUA, 2012).


O cineasta Rodrigo Cortés ganhou notoriedade após o lançamento do thriller psicológico Enterrado Vivo, estrelado por Ryan Reynolds (Lanterna Verde), que saiu aplaudido do Festival de Sundance. Com o prestígio adquirido, o espanhol resolveu se dedicar a um projeto mais ambicioso, convocando um elenco de ponta - Cillian Murphy (Voo Noturno), Sigourney Weaver (Alien, o Oitavo Passageiro) e Robert De Niro (Touro Indomável) - e apostando numa trama mais pop e ao mesmo mais complexa (ou pelo menos que se torna complexa devido ao puslo forte do do diretor). Intitulado por aqui como Poder Paranormal (o título original, Red Lights, possui uma relação mais sutil com a trama da obra) e tendo como premissa a investigação a respeito da veracidade ou não de eventos paranormais, tendo como foco seus agentes (vidente, gurus e afins) e cientistas céticos, apesar de repetida, sempre desperta interesse, principalmente por tratar de algo curiosamente ainda não destrinchado com eficácia pela ciência. No entanto, apesar de soar interessante e ter em no elenco seu maior destaque, o roteiro e a montagem vez ou outra escorrega e justamente devido a isto a obra perde um pouco do brilho inicial e acaba desandando na complicação mais do que deveria.

A cena de abertura de Poder Paranormal resume bem o filme, apresentando os personagens de Murphy e Weaver como uma dupla de pesquisadores de uma universidade, sendo que esta veste a carapuça de mentora, enquanto aquele se apresenta como o aprendiz promissor e, por conseguinte, os nossos olhos à trama do filme. Logo em seguida nos é mostrado o "enigmático" Simon Silver (nome no mínimo estranho), personagem de De Niro, um psíquico renomado que resolve voltar a ativa após trinta anos afastado. A trama se desenvolve a partir da busca direta e indireta do personagem de Murphy por desmascarar Silver como um farsante. Como dito, filmes que tem como foco estudiosos do paranormal não são incomuns, porém este realmente chama a atenção pela condução mais cuidadosa, com um pé fincado na realidade (pelo menos na ilusão de realidade). 

Contudo, com o passar dos minutos a trama do filme vai ganhando uma aura de paranoia cada vez maior, o que ajuda a construir ainda mais tensão e suspense ao mesmo, porém, pela falta de tato de Rodrigo Cortés na montagem - a impressão que dá é que o cineasta quis aproveitar ao máximo todo o material filmado - e, principalmente, pelo excesso de informação e texto distribuídos na resolução do filme, o que acaba tirando um pouco do seu brilho, além do seu perfeito entendimento tornar-se difícil, não por que a conclusão surge complexa e mereça uma reflexão apurada, mas sim devido a forma pela qual ela é mostrada, bastante confusa e excessivamente retórica.

À exceção do desencanto quanto a sua conclusão (não quanto ao conteúdo, que é aceitável, mas a forma), Poder Paranormal guarda mais bons momentos do que ruins, já que é dono de uma ambientação e clima interessantes, onde a sonorização é o maior destaque e conta com bons trabalhos do trio principal de atores, mesmo que nenhum deles se sobressaia (De Niro, apesar de não decepcionar como na maiores de seus últimos trabalhos, não tem nenhum momento de brilho ou algum lampejo de sua outrora bastante perceptível genialidade), além de ter em Cortés um bom diretor, que usa os recursos dispostos - sejam técnicos ou orçamentários - da melhor maneira possível, até por que, apesar dos nomes de destaque escalados para o filme, esta é uma produção de baixo orçamento, pecando apenas quanto a qualidade do roteiro e da montagem do filme, que oscilam bastante durante o filme. 

Mesmo não sendo um filme tão bom, criativo e bem amarrado quanto Enterrado Vivo, Poder Paranormal é um bom filme e, apesar de ter sido destroçado por grande parte da crítica especializada (mais informações podem ser vistas ao acessar os links abaixo do trailer) e de não ter (ainda) conseguido conquistar um bom público, merece ser visto e pode surpreender, especialmente àqueles que curtem um produto do gênero mais pela variedade de elementos da trama do que pelos sustos e revelações grandiosas (se bem que, no caso desta, o filme deixa um pouco a desejar na execução, que mostra-se atropelada e apressada).

AVALIAÇÃO
TRAILER

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