"Existem mundos além do nosso - A bússola mostrará o caminho" (Livre tradução do texto disposto no poster promocional do filme).
Retumbante fracasso de bilheteria em território norte-americano, a superprodução A Bússola de Ouro foi mais um dos filmes surgidos na esteira do sucesso das franquias O Senhor dos Anéis e Harry Potter a fracassar no que se refere a atrair grandes plateias, mesmo que no âmbito geral esta adaptação literária da obra do inglês Phillip Pullman não possa ser classificada como uma obra ruim, é certo que possui seus problemas. Contando com o inexperiente - em superproduções regadas a efeitos visuais - roteirista e diretor Chris Weitz (Uma Vida Melhor) no comando, A Bússola de Ouro sagra-se como um filme de grande potencial, porém irregular, especialmente por se apoiar demasiadamente no aspecto visual e deixar a clareza do roteiro um tanto de lado.
A concepção visual do filme é impecável, tendo seu ponto mais frágil justamente naquele que foi o mais reverenciado à época de seu lançamento, os efeitos visuais (que inclusive sagrou-se vencedor do Oscar). Não é que as animações digitais soem falsas hoje (me refiro especialmente aos dimons), mas é notório o envelhecimento de certos efeitos, além de conferir certa artificialidade em algumas cenas de plano aberto, onde fica óbvio a utilização de green screen, fator este que hoje pode contribuir para "tirar" o espectador do imaginário proposto pelo filme. Contudo, é de se aplaudir a direção de arte, figurinos e todo o desenho de produção do filme, que consegue dar uma cara distinta ao mundo apresentado, que nem é o nosso, nem é um outro por completo, mas sim uma realidade híbrida. A equipe comandada pelo experiente Dennis Gassner (vencedor do Oscar por Bugsy) está de parabéns.
O grande porém de A Bússola de Ouro encontra-se em seu roteiro. Apesar de bem intencionado, Chris Weitz não consegue deixar clara algumas informações importantes para o bom entendimento da trama, o que torna frouxos alguns elementos dispostos em cena, como a importância do "reino" dos ursos polares, a motivação da bruxa Serafina Pekkala (Eva Green, de 007 - Cassino Royale), além da importância (e possivelmente polêmica) da instituição denominada Magistério ser pouco desenvolvida pelo filme, tendo talvez apenas uma cena de grande importância, quando acompanhamos um quase debate entre os personagens de Derek Jacobi (Anônimo) e Christopher Lee (A Invenção de Hugo Cabret). É uma pena, já que há inferências críticas a instituições religiosas na obra literária original que aqui são pinceladas de maneira menos que discreta, sendo até difíceis de identificar.
Entretanto, a metáfora da transformação dos seres dimons (algo como animais que guardam a alma de sue dono humano) durante a infância e adolescência das personagens e da única forma destes quando seus "donos" encontram-se adultos é magistral justamente por ter relação com a ruptura de uma fase da vida a outra. Mesmo que, assim como os demais elementos do roteiro, tal característica não esteja plenamente desenvolvida, dá para notar tal sentido, especialmente durant um diálogo entre a protagonista da história, Lyra (Dakota Blue Richards) e seu tio, lorde Asriel (Daniel Craig).
Entretanto, a metáfora da transformação dos seres dimons (algo como animais que guardam a alma de sue dono humano) durante a infância e adolescência das personagens e da única forma destes quando seus "donos" encontram-se adultos é magistral justamente por ter relação com a ruptura de uma fase da vida a outra. Mesmo que, assim como os demais elementos do roteiro, tal característica não esteja plenamente desenvolvida, dá para notar tal sentido, especialmente durant um diálogo entre a protagonista da história, Lyra (Dakota Blue Richards) e seu tio, lorde Asriel (Daniel Craig).
Ouso dizer que, dentre a saraivada de produções que surgiram na esteira do sucesso de O Senhor dos Anéis, A Bússola de Ouro ainda é a que soa mais interessante (que me perdoem os fãs de As Crônicas de Nárnia, Eragon etc.), pois mesmo que falte complementos no âmbito de informações acerca do funcionamento do universo apresentado pelo filme, consegue soar divertido e interessante, principalmente pelo senso visual inspirado, como já destacado. Dá para sacar que o elenco se divertiu a beça trabalhando no filme, especialmente os chamarizes do filme Daniel Craig (007 - Operação Skyfall) e Nicole Kidman (Reencontrando a Felicidade), além da estreante Dakota Blue Richards, que tem a responsabilidade de segurar o filme e se sai bem, na medida do possível.
Refletindo melhor, é uma pena que o filme tenha fracassado nas bilheterias e não tenha dado prosseguimento a trilogia, pois possivelmente teríamos algumas respostas nos dois episódios posteriores. Infelizmente não teremos tais sequências, portanto a fragilidade da história do filme continua, mesmo que a "culpa" não recaia apenas em Chris Weitz (que por sinal se sai muitíssimo bem na função de diretor de uma produção desta monta), pois é notório que o filme passou por alguns problemas durante sua pós-produção, especialmente no que se refere ao seu conteúdo crítico. Independentemente das falhas, acredito que o filme tem tudo para continuar agradando a crianças e jovens (seu público alvo), mesmo que estas fiquem órfãs das continuações ou que não compreendam (assim como os adultos) alguns elementos que permeiam a trama, justamente por que estes não são destrinchados pelo roteiro.
AVALIAÇÃO
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