Histeria é um filme que narra um evento real e distinto (o tratamento da histeria do título e a consequente invenção do aparelho vibrador com finalidade "terapêutica") de maneira leve e um tanto quanto estilizada, mas o faz com eficiência, resumindo-se assim num filme menos dramático e épico, porém mais divertido e leve do que o esperado. Apesar do tema curioso, este filme dirigido por Tania Wexler é desenvolvido de maneira leve, com muito humor e desenvolvimento de situações improváveis ao dia a dia, mas que funcionam à proposta da obra, tornando-a um produto interessante, porém sem grande brilho.
Apesar de não contar com um elenco estelar, alguns nomes acabam se destacando, como o protagonista Hugh Dancy (O Clube de Leitura de Jane Austen), que interpreta o doutor Mortimer Granville, "descobridor" do aparelho vibratório, o veterano Jonathan Pryce (Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra), como o "padrinho" de Granville na arte da "cura" à histeria e Rupert Everett (O Casamento do Meu Melhor Amigo), que apesar do pouco tempo em cena rouba a cena como o amigo inventor de Granville, Lorde Edmund. O filme conta ainda com a atriz Maggie Gyllenhaal (Batman, o Cavaleiro das Trevas) em um papel de destaque, porém confesso que não entendi a escalação da mesma para o papel, especialmente por esta ser norte-americana, enquanto que sua personagem é inglesa. Este tipo de escolha não é anormal no mundo do cinema, muito menos sagra-se sempre equivocada, contudo Gyllenhaal acaba por não se encaixar bem ao papel, deixando a desejar especialmente na composição do sotaque britânico, aspecto importantíssimo para a credibilidade da personagem.
Mesmo não sendo uma grande produção, Histeria é bem requintado visualmente. Tendo o aspecto técnico-visual como grande chamariz, os departamentos de arte, figurino, desenho de produção e direção de arte encontra-se impecáveis, contribuindo sobremaneira para a viagem a Londres do século XIX proposta pelo roteiro. Todavia, dentre os atributos técnicos do filme destacaria como o mais relevante a fotografia assinada por Sean Bobbitt (Shame), que ao lado da da diretora Tania Wexler constroem alguns enquadramentos no mínimo interessantes ao filme.
O enredo de Histeria é no mínimo curioso, especialmente por abordar um tema que continua tabu até hoje (com as devidas proporções, é possível que a sociedade de hoje possua um nível ainda maior de puritanismo) e sua abordagem, apesar de exagerar nos floreios, mostra-se eficiente e acaba por render um filme menos informativo, porém mais divertido. Pecando principalmente pelo excesso de coincidências apregoadas da metade ao final do filme e ao desfecho no mínimo previsível (reputo esta falha a falta de pulso da diretora), Histeria é um filme gostoso de assistir, mas que certamente não oferece todo o potencial que poderia alcançar.
AVALIAÇÃO
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