31 dezembro, 2012

Sobre o Sol da Toscana (Under the Tuscan Sun, EUA, 2003).


"A vida te oferece milhares de chances... tudo que você tem que fazer é escolher uma" (Livre tradução do texto disposto no poster promocional do filme).
Talvez o maior mal de Sob o Sol da Toscana seja sua previsibilidade. Adaptação direta do livro homônimo e biográfico da escritora Frances Mayes (no filme, interpretada por Diane Lane), que aposta numa vida nova na região da Toscana, na Itália, após traumático rompimento matrimonial com o marido. Suas desventuras em terras italianas são narradas tanto no livro quanto no filme e, como não poderia deixar de ser, incensam a tela com altas doses de progesterona. Romântico e romantizado, divertido, porém super-idealizado, este especial de auto-ajuda é um bom partido para o público feminino, que com certeza se deslumbrará com as paisagens da bela Toscana e dos belos italianos que não cansam de desfilar em tela e paquerar Frances, que encontra-se em pleno processo de recomposição afetiva. E nada como um belo par de braços quentes para trazê-la de volta ao sol da vida, não é mesmo?

Apesar de ser um filme focado no público feminino e extrapolar vez ou outra na fórmula tragédia + viagem + superação + novo amor relâmpago = felicidade para toda a vida, Sob o Sol da Toscana é um filme meloso que não chega a ofender (neste caso, o público masculino), especialmente por aparentemente não se levar a sério em momento algum, sendo assumidamente um filme leve com o intuito de transmitir cargas positivas ao espectador. Em poucas linhas, um female feel good film. É certo que alguns elementos basilares em filmes de mudança de ambiente, como o destaque da fotografia do ambiente apresentado, não são tão bem explorados pelo filme, que parece esquecer que a região da Toscana é, junto a personagem Frances, uma das protagonistas da história. Talvez a diretora e roteirista Audrey Wells (A Lente do Desejo) tenha que observar com mais atenção aos filmes de Woody Allen, especialmente os mais recentes, como Para Roma com Amor, obviamente rodado na Itália.

De longe o grande destaque do filme encontra-se na atuação de Diane Lane (Vidas Sem Rumo), que oferece um nível de profundidade à composição de sua personagem não encontrado em nenhum outro no filme, o que torna a experiência de acompanhar as aventuras de sua personagem mais interessante. Indicada ao Globo de Ouro por esta atuação, atriz foi preterida por Diane Keaton, no filme Alguém tem que Ceder. Em comparação as demais indicadas ao prêmio (também concorriam Scarlett Johanson, por Encontros e Desencontros, Jamie Lee Curtis, por Sexta-Feira Muito Louca e Helen Mirren, por Garotas do Calendário) talvez Lane possa ser considerada a menos interessante, mas isso de modo algum inibe seu trabalho de destaque num filme então mediano.

Deixando a dever no aspecto fotográfico e na abordagem superficial do roteiro, mas surpreendendo pelo empenho e competência de Diane Lane no que se refere a composição de sua personagem, Sob o Sol da Toscana está longe de ser um grande filme - mesmo que as meninas menos exigentes teimem em defini-lo como "lindo!" -, inclusive destacado no gênero romance, mas entretém sem ofender a inteligência de quem o assiste, mesmo que seja um filme obviamente direcionado ao público feminino. Não vai salvar seu dia (a não ser que sua sensibilidade esteja além da compreensão humana), mas pode gerar bons momentos.

AVALIAÇÃO
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