"Caçado por seu futuro. Assombrado pelo seu passado" (Livre tradução das frases dispostas no cartaz do filme).
Num ano repleto de sequências e remakes (cada vez mais regra, não exceção), Looper - Assassinos do Futuro chega como um bom respiro para a constante repetição de temas destilados nas telas de cinema. Segunda parceria entre o diretor e roteirista Rian Johnson e o ator Joseph Gordon-Levitt após o exemplar A Ponta de um Crime, o filme mostra-se como uma inventiva ficção-científica de ação, dono de uma trama recheada de subtextos com certa complexidade, mas que nunca soa "intelectualóide", pois é conduzida de maneira bastante objetiva - mesmo com a inserção de alguns flashbacks e pontos de vista distintos -, tem um bom ritmo e, talvez o mais importante, apresenta um clima crescente de novidade, sendo impossível não se surpreender com condução da trama e sua "resolução".
Ao contrário do que o trailer do filme apresentava, a trama de Looper - Assassinos do Futuro perpassa muito mais do que "apenas" a questão das pessoas (em teoria, criminosas) enviadas do futuro para serem assassinados por um looper, pois entrelaça questões existenciais ao caldo, além de uma miríade de reviravoltas que nem a mais antenada das pessoas poderiam prever. Dinâmico e inteligente, o filme de Rian Johnson é uma grande surpresa, não pela sua qualidade, mas sim pelo tamanho apelo provocado por sua obra, sem deixar o pezinho no cult. Custando a bagatela de 30 milhões de dólares, Looper - Assassinos do Futuro é mais um filme que prova que há como se fazer um filme bacana, inteligente e visualmente arrebatador sem gastar o Produto Interno Bruto de um pequeno país. Temáticas a parte, Looper é o Distrito 9 de 2012.
A maquiagem que tenta aproximar o rosto de Gordon-Levitt ao de Bruce Willis (Moonrise Kingdom) é bem legal e mesmo que vez ou outra cause certo estranhamento (de certa forma "plastifica" e congela as expressões faciais do primeiro), serve como ferramenta narrativa à proposta do longa, que mostra os atores como um só personagem, apenas em épocas distintas de existência. Exceptuando a maquiagem, tanto Willis quanto Gordon-Levitt estão bem encaixados e dispostos em seus respectivos papeis, especialmente o primeiro, que apesar de sempre flertar com o gênero ação, mostra uma energia acima da média neste filme.
Contando com quase toda a equipe técnica de seu primeiro trabalho como cineasta, Rian Johnson acerta na composição do visual do filme - que não "viaja" demais na previsão de como seria uma cidade norte-americana no futuro, concentrando-se mais em como ela é hoje e pincelando na mesma pequenos detalhes que aludem a um possível futuro - e na utilização equilibrada dos efeitos visuais práticos e digitais, dando um senso de realidade raro em filmes do gênero, pois geralmente estes são deslumbrantes, mas não escondem a cara de "filmamos em tela verde". Dentre os parceiros de Johnson que merecem certo destaque estão o compositor Nathan Johnson, que investe bastante na tensão através dos acordes de sua trilha e o fotógrafo Steve Yedlin, que constrói planos abertos belíssimos no filme.
Mesmo que a diversão seja (talvez) o quesito de maior importância do filme, é impossível não justificar a eficiência desta pela criatividade imprimida por Johnson tanto na concepção do roteiro do filme - que é original por condensar influências mil em um produto só, sem que este deixe de ter sentido lógico e unidade - quanto em sua execução, além do carisma do elenco (que conta também com as boas participações de Emily Blunt, Paul Dano, Piper Perabo, Jeff Daniels e do inacreditável garotinho Pierce Gagnon, que simplesmente rouba o filme, tamanho magnetismo passado por sua interpretação). Looper - Assassinos do Futuro não é uma adaptação literária, de histórias em quadrinhos, videogames ou afins, mas sim uma obra concebida e executada especialmente para o cinema e isso, ao meu ver, traz um peso imensamente positivo ao filme. Instigante e imprevisível, sem sombra de dúvidas este encontra-se como um dos melhores filmes do ano.
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