26 dezembro, 2012

Para Roma com Amor (To Rome with Love, EUA/ITA, 2012).



É certo que este Para Roma com Amor não é um filme dos mais inspirados da longeva carreira de Woody Allen, mas ainda assim é uma peça de entretenimento mais do que válida. Mais parecido com uma coleção de curtas ao estilo de obras como Paris, Te Amo, esta mais recente produção de Allen não carrega aquele caráter filosófico-existencial tão característico do seu cinema, muito menos investe de forma pesada no humor, mas sim prefere construir algumas histórias aleatórias que têm o amor e suas peculiaridades como fio condutor, sem grandes preocupações no âmbito de questionamento ou debate, optando pela leveza e pela simplicidade em todas as células dramáticas que compõem o filme. Apesar de preliminarmente inspirada na obra Decamerão, de Giovanni Boccaccio,  Para Roma com Amor mostra-se como um filme de cerne descompromissado, menos ácido que a peça na qual se inspirou.

Sem atuar em um filme de sua autoria desde Scoop - O Grande Furo, de 2006, Allen compõe aqui mais um tipo paranoico e serve como alívio cômico - ao lado do personagem do italiano Roberto Benigni (A Vida é Bela) - a este filme onde o humor surge em segundo plano. Como esperado, algumas tramas e personagens despertam mais curiosidade do que outros, tendo os arcos que contam com a participação de Alec Baldwin (Rock of Ages), Jesse Eisenberg (A Rede Social), Ellen Page (A Origem) e Greta Gerwig (The House of the Devil) e de Allen, Judy Davis (Desconstruindo Harry), Alisson Pill (Milk) e Fabio Armiliato se sobressaído, mesmo que no plano geral não apresentem nada de extraordinário. Talvez a relação entre as personagens de Baldwin e Eisenberg lembrem sejam as que mais lembrem as pirações conceituais do cineasta, mas ainda assim passam longe de filmes outros do mesmo, como o anterior Meia Noite em Paris.

Desde que decidiu embarcar numa turnê de filmes captados no continente europeu - desde 2005 foram rodados filmes na Inglaterra, Espanha, França e Itália -, Allen vem adequando seus roteiros para que casem e honrem as características urbanísticas e naturais dos países em que filma e é óbvio que esta sua passagem pela capital da Itália rende imagens belíssimas, fotografadas pelo competente Darius Khondji (Se7en - Os Sete Crimes Capitais), tanto é que as mesmas se destacam mais do que o próprio enredo do longa, que como dito acima é um dos mais desinteressantes do cineasta em anos, mas mesmo assim guarda seus momentos.

Com um roteiro que entrecorta bem as várias tramas que preenchem o filme e dono de um ritmo interessante, Para Roma com Amor é um filme gostoso de se ver, que não traz grandes discussões nem possui grandes pretensões, mas resulta como uma diversão leve e inofensiva (apesar de guardar ecos de ironia e sarcasmo tão arraigados aos trabalhos do diretor). Com certeza não estará posto entre os grandes filmes de Woody Allen, mas encontra-se longe de seus trabalhos menos inspirados, mesmo que inspiração seja o que mais falta a coleção de histórias apresentada. Contradizente? Assim como a filmografia deste cultuado cineasta nova-iorquino.

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