Único filme da franquia 007 estrelado por George Lazenby, 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade talvez seja mais conhecido pelo fato de ser aquele em que o agente casa, o que não deixa de ser um marco na mitologia da personagem. Entretanto, casório a parte, este primeiro filme sem o astro Sean Connery tem seus bons e maus momentos, quase todos frutos da trama em si e não do novo intérprete. Marcando também a estreia do montador Peter Hunt (007 Contra o Satânico Dr. No) como diretor, o filme não é pontuado por grandes cenas de ação, mas possui uma abertura emblemática (com direito a referência a Connery) e um clímax no gelo (como o poster adianta) frenético e interessante, além de ser dono de um dos desfechos mais angustiantes e inesperados da franquia.
A escolha de Lazenby como James Bond não é equivocada, pois o mesmo convence e se esforça bastante durante todo o filme. O problema é que o ator não tem um grande carisma (refletindo bem, nem sequer pouco carisma), o que somado ao fato de que Connery é puro carisma, o deixa numa posição bastante complicada. Outras ações - que não sua atuação - contribuíram para a não renovação de Lazenby para novos filmes da franquia, mas é inegável que sua presença neste único filme não compromete em nada a qualidade do mesmo.
Se a Lazenby falta carisma, sobra a Telly Savalas (série Kojak), novo rosto do vilão Blofeld, grande nome por trás da organização criminosa SPECTRE. Encarnando com perfeição o estereótipo do típico vilão megalomaníaco que tanto viria a ser imitado e parodiado futuramente por outros filmes, Savalas parece se divertir a beça com sua personagem, especialmente quando revela seu plano maquiavélico de contaminação mundial. Prestes a entrar na década de 1970, 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade ainda guarda muitos ecos da festiva e inocente década de 1960.
A cada filme da franquia é notório que o orçamento e o requinte da produção dos filmes vai aumentando tanto em quantidade quanto em qualidade, e com 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade não poderia ser diferente. Apesar de não ter muitas sequências de ação - são poucas, mas bem postas e executadas -, a produção do filme é caprichada, seja na escolha das locações (que passa por Portugal, Alpes suíços e, obviamente, Londres) ou no requinte cenográfico, além da utilização de dublês nas cenas de ação, especialmente na fuga de esqui, que surpreende pelo cuidado e ousadia (ainda mais para a época).
Equilibrando momentos de pura diversão escapista, romance e tensão, 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade pode ser um tanto longo demais e forçar um pouco a barra na coesão de seu roteiro (mais uma vez a cargo Richard Maibaum, outro veterano da franquia), especialmente no amarramento do romance entre Bond e Tracy (Diana Rigg, belíssima), porém cumpre sua dupla função de apresentar um novo intérprete de 007 (mesmo que a personagem siga imutável, era preciso algumas citações que referenciassem Lazenby como James Bond) e de dar prosseguimento a mitologia da personagem, que por sinal ganha bastante, em termos de evolução dramática à franquia. 007 A Serviço Secreto de Sua Majestade não é pioneiro como Dr. No, muito menos divertido como Moscou Contra 007, mas está longe de poder ser taxado de filme menor à franquia. Se há um "culpado" pelo fato do filme não ser tão querido pelos fãs da franquia, este pode ser atribuído ao desenvolvimento do roteiro e não a escolha e posterior performance de George Lazenby como James Bond, mesmo que este seja bastante inferior ao carisma em pessoa, sir Sean Connery.
AVALIAÇÃO
TRAILER
Mais Informações:
Filmes da franquia 007 comentados:
007 Contra o Satânico Dr. No (1962)
Moscou Contra 007 (1963)
007 - Cassino Royale (2006)
007 - Quantum of Solace (2008)
007 - Operação Skyfall (2012)
Bilheteria:
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