Se a primeira parte da adaptação da minissérie em quadrinhos originalmente concebida por Frank Miller e Klaus Janson possuía uma abordagem mais "intimista", apresentando a personagem Batman envelhecida e sua relação com a caótica Gotham de então, além de uma grande ênfase ao lado político,em Batman: O Cavaleiro das Trevas Parte 2 o que prevalece é a ação. Condensando os melhores momentos de conflito físico da história - muitos sensivelmente aumentados ou até mesmo alterados em relação aos da obra matriz -, é certo que a dinâmica desta conclusão é bem mais frenética e, por conseguinte, poderá despertar mais interesse do espectador. Some-se a isso as presenças de figuras como Coringa e Superman e a impressão que se tem é a de que o melhor da história foi deixado para o seu final. Obviamente que isso é no mínimo injusto com a boa primeira parte e certamente associá-las seria a melhor solução, mas como houve esta cisão nos produtos, cada um deve - teoricamente - ser avaliado separadamente.
Visualmente Batman: O Cavaleiro das Trevas Parte 2 mantém-se equânime à primeira parte - até por que foram realizadas juntas -, acrescentando apenas mais movimentação à animação, visto que a ação se sobressai na mesma. Ao ótimo elenco de vozes é acrescido Michael Emerson (série Lost) e Mark Valley (O Resgate), que dão vida ao Coringa e ao Superman, respectivamente. Apesar de não comprometer, admito que não senti muita força na composição de Emerson, talvez devido as ótimas performances de outros intérpretes do Coringa - inclusive em live-action -, o que acaba direcionando o espectador a criar uma imagem praticamente inquebrável de como deve se portar - neste caso, em termos de voz - a personagem. Já Valley é mais feliz, pois entrega aquilo que já é esperado: peso na voz, sem deixar de transparecer delicadeza.
Tão violento, sádico e direitista quanto o filme anterior, Batman: O Cavaleiro das Trevas Parte 2 conclui com excelência a tão sonhada versão em movimento da obra clássica das histórias em quadrinhos. Estão catalogados aqui os vícios e excessos da década de 1980, o que torna esta adaptação bastante fiel a ideia central da obra de Frank Miller. Apesar de hoje enxergar alguns problemas ideológicos na obra em questão, é inegável sua importância tanto à história do personagem Batman quanto à indústria das histórias em quadrinhos, que a partir daí começaram a ganhar um tratamento um pouco mais sério tanto da mídia quanto dos próprios leitores. Esta animação mantém as principais características da derradeira revolução do homem-morcego - que envolve o desmantelo da estrutura política norte-americana -, além de ser bastante feliz ao empregar o tom de ironia e sarcasmo contido na obra original. Certamente este filme não substitui ou se iguala a minissérie em quadrinhos, mas arrisco dizer que chega bastante perto e que entretém tanto quanto.
AVALIAÇÃO
TRAILER
Mais Informações:
Texto sobre Batman: O Cavaleiro das Trevas Parte 1 (2012)
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