Apesar de não fazer muito sentido narrativo, esteticamente a opção por mostrar o filme como parte de registros feitos pela própria polícia - na verdade, por dois oficiais da corporação - confere um nível absurdo de tensão a Marcados para Morrer, muito graças as boas sacadas do roteirista e diretor David Ayer (Os Reis da Rua), praticamente um especialista em filmes policiais que lidam com questões de conflitos sócio raciais - não à toa é de sua autoria o roteiro do filme Dia de Treinamento, famoso por ter dado o Oscar de melhor ator a Denzel Washington.
Apesar da similaridade do objeto de estudo - a força policial -, o foco aqui é outro. Sai a corrupção da instituição, entra o acompanhamento do dia a dia de dois jovens patrulheiros e sua conturbada rotina, que perpassa desde o atendimento a ocorrências à residências até conflitos armados contra gangues. O cerne do filme se dá pela "emulação" da realidade da prestação de serviços pela polícia norte-americana, que por sinal é muito bem representada pela dupla formada por um caucasiano (Jake Gyllenhaal, de Zodíaco) e um latino (Michael Peña, de Crash - No Limite), que não são apenas parceiros, mas sim amigos.
Como dito mais acima, a execução do filme é muito boa, cumprindo a missão de apresentar as personagens principais e a linguagem proposta pelo filme de forma direta e eficiente. A linha narrativa é bem distribuída e, apesar de não aprofundar muito o entorno da corporação policial, muito do esforço e zelo ao serviço é inferido através dos diálogos e da forma de se portarem as personagens de Gyllenhaal e Peña. É certo que Marcados para Morrer não é um filme que mudará o gênero e que sua estética documental/found-footage não é aplicada cem por cento, contudo esta confere um nível a mais de tensão à trama, o que por si só já vale a visita ao filme.
É interessante que este filme tenha sido concebido por um cineasta que anteriormente abordou a falta de escrúpulos existente na corporação policial, confirmando aqui que aquela visão não era uma questão de posicionamento ideológica, mas sim um ponto de vista, uma história que precisava ser contada. O mesmo pode ser dito de Marcados para Morrer, um filme mais pessoal que Dia de Treinamento e Os Reis da Rua, mas também menos crítico ou panfletário, porém com uma mensagem pouco difundida hoje em dia, a de que a instituição policial ainda é um "mal" necessário e a de que há "boas" - nunca perfeitas - pessoas nos corredores da mesma. Infelizmente, alguns destes têm que morrer para serem notados.
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