28 julho, 2014

Alemão (BRA, 2014).


Muitos (me incluo entre estes) reclamam que o Brasil produz pouco filme de gênero e Alemão, produção da RT Filmes dirigida por José Eduardo Belmonte (Se Nada Mais Der Certo), tenta mudar este paradigma ao apresentar um filme "puramente" de ação. Tal empreitada dá certo, pelo menos em parte. Inspirado em eventos reais - o início da "pacificação" do morro do alemão, no Rio de Janeiro -, o filme estrelado por Caio Blat (Batismo de Sangue), Milhem Cortaz (Tropa de Elite), Gabriel Braga Nunes (País do Desejo), Marcelo Melo Jr. e Otávio Muller (Memórias Póstumas) é conduzido com propriedade por Belmonte, que aposta num clima claustrofóbico que faz lembrar Assalto ao 13º Distrito, de 2005 (remake do filme de John Carpenter), prendendo a atenção do espectador por boa parte de sua projeção. O grande problema do longa encontra-se em seu roteiro - a cargo de Gabriel Martins, com base num argumento do produtor Rodrigo Teixeira -, que soa mais artificial que verossímil, até por que o foco da trama não é a pacificação em si, sendo esta apenas pano de fundo para o drama vivido pelos personagens de Blat, Cortaz, Braga Nunes e Muller. O fato do filme ser "apolítico" - à exceção das cenas reais que entrecortam os créditos finais - também o prejudica, mas no âmbito geral Alemão cumpre a função de entregar um entretenimento escapista recheado com muita tensão e (algumas) boas cenas de ação. O binômio influência/dependência da estética de "favela movies" como Cidade de Deus e Tropa de Elite ainda se faz presente aqui, mas é perceptível a influência de filmes norte-americanos nos enquadramentos e condução das sequências de ação, como a da franquia Bourne. Alemão pode não ser (e não é mesmo) um grande filme de ação, mas não deixa de ser um bom (re)começo para o cinema nacional do gênero (ao lado de 2 Coelhos), que nos últimos anos vinha produzindo bobagens como Segurança Nacional e Federal.

★★

TRAILER
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