24 novembro, 2012

Anjos da Lei (21 Jump Street, EUA, 2012).


Para aqueles que não estão presos a tendência politicamente correta e as pseudo-pedagogias infantilizantes pregadas por alguns sabichões da educação moderna (e haja aluno batendo em professor), esta versão cinematográfica do seriado oitentista Anjos da Lei pode ser um divertimento bacana e interessante. É certo que não há profundidade nesta comédia de costumes que utiliza uma dupla de policiais como desculpa para piadas colegiais antenadas com a geração i-tudo, porém estas são tão bem organizadas e sinceramente engraçadas que o filme acaba crescendo, sagrando-se uma boa surpresa, ressoando no limite entre o escracho de um Superbad - É Hoje com a pegada indie de um Juno (a comparação pode parecer grosseria, mas creio que funciona). Também podia, Anjos da Lei (o filme) foi co-escrito (além de co-estrelado e co-produzido) por Jonah Hill (O Homem Que Mudou o Jogo), um dos comediantes revelados nas produções de Judd Apatow e que aqui comprova perícia além.

É ótimo quando um trailer te "vende" a informação errada, pois não acreditava na química proposta entre Jonah Hill e Channing Tatum (Para Sempre), contudo quebrei a cara e credito a esta parceria como um dos maiores acertos deste filme comandado pela dupla Phil Lord e Chris Miller (Tá Chovendo Hamburger) - por sinal diretores de animação que debutam aqui no comando de um filme live-action -, pois mostram-se a vontade juntos, dando a impressão de realmente serem amigos em tela, além de Tatum surpreender pelo carisma em tela. Ademais, quanto a Tatum, não afirmo que este é um grande ator, mas não sou partidário da opinião de que ele é um cara sem expressão ou talento, pelo contrário, o vejo como um cara esforçado e competente, que tem tudo para evoluir ainda mais como profissional e o método de escolha de projetos por parte do ator, variando entre gêneros (já fez drama, romance, ação, épico e agora, comédia), comprova seu bom olhar sobre a indústria cinematográfica.

Quanto ao roteiro, Anjos da Lei  não traz grandes novidades - além da óbvia contextualização com a realidade juvenil atual, tendo a esquematização das diversas (põe diversas nisso) tribos sociais grande destaque -, mas é bem construído e, quando não exagera nos diálogos de baixo calão (que, afinal de contas, fazem rir), traz uma moral bem interessante, obviamente ligada a amizade, mas também reflete sobre a construção social do jovem homem (adolescente) e sua postura (ou lugar no mundo) quando adulto. Falando assim parece até que o filme possui lapsos de profundidade, não é? Longe disso, pois apesar desses elementos serem inseridos à trama o grande mote do filme é mesmo diversão e neste sentido, para aqueles que não foram picados pelo vírus do conservadorismo ou simplesmente não sabem rir de eventos engraçados que possuam um mínimo de lógica - a exceção é a perseguição de carro e motos do filme, mas mesmo assim acaba soando engraçada também - o filme funcionará muito bem (se alguém se sentir incomodado, fica o registro de que a classificação indicativa do filme é de 12 anos).

Misto de comédia e ação, pode ser que o filme Anjos da Lei não tenha nada a ver com o seriado no qual foi baseado (nunca o vi), contudo funciona muito bem como obra "inédita" e cumpre sua função maior, entreter. Bem dirigido (não há grandes novidades, mas o básico é feito com competência), com boas performances da dupla principal (talvez a exceção resida na de Ice Cube, que exagera na caricatura, mas não compromete) e uma - SPOILER A FRENTE - ótima participação especial de Johnny Depp (protagonista do seriado original nos anos 1980), que assim como Tom Cruise no filme Trovão Tropical, rouba a cena numa atuação descolada e intensa, me fazendo lembrar que Depp é um ótimo ator e que quando quer, encanta. 

AVALIAÇÃO
TRAILER

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