Nunca fui fã do personagem James Bond, muito menos de seus filmes, até por que estes não me despertavam interesse. Todavia, eis que 007 - Cassino Royale aconteceu e, se não me despertou a vontade conferir os filmes anteriores (a bem verdade, antes deste só tinha assistido 007 - Um Novo Dia para Morrer, derradeiro da franquia a ter Pierce Brosnan como protagonista), me provocou um súbito interesse pelo personagem a partir daí, muito em razão da "renovação" proposta pelo filme e pela abordagem de origem aplicada no mesmo. Contando com Daniel Craig (Cowboys & Aliens) como James Bond e uma pegada menos fantasiosa (em comparação aos demais títulos da série) e com uma estética parecida com os da franquia "rival" de Jason Bourne, Cassino Royale mostrou-se um grande filme de ação e estabeleceu um novo paradigma a essa que é a franquia de filmes mais longeva do cinema.
Contando com a direção de Martin Campbell (A Máscara do Zorro), em sua segunda incursão na franquia 007 (o neozelandês havia dirigido 007 Contra Goldeneye, em 1995), o filme é visceral do início ao fim, cumprindo muito bem a dupla função de reintroduzir o personagem as novas gerações e de proporcionar um espetáculo de entretenimento independente dos demais filmes. Acompanhamos em Cassino Royale a primeira missão "pra valer" de Bond, e com isso nos são revelados alguns elementos que possivelmente não haviam sido abordados nos filmes anteriores, fazendo deste literalmente um novo ponto de início.
O roteiro escrito por Neal Purvis, Robert Wade e Paul Haggis (Menina de Ouro) é bem amarrado e gera interesse do início fim, dividindo-se em três atos claros, mas com tons distintos. O filme se inicia com a apresentação do personagem e o estabelecimento do mesmo como o herói da trama, segue com o arranjo do conflito entre Bond e seu arquival da vez, o banqueiro "terrorista" Le Chiffre (Mads Mikkelsen, de Os Três Mosqueteiros - versão de 2011) e se encerra com ótimo gancho dramático envolvendo o agente e sua aparentemente grande paixão, Vesper Lynd (Eva Green, de Sentidos do Amor). Apesar de aparentemente distintos, todos esses eventos são entrelaçados com muita propriedade por Purvis, Wade e Haggis e, somada a direção eficiente de Martin Campbell, acaba por acarretar no filme mais interessante da franquia até então (obviamente, a comparação só pode ser realizada dentre aqueles que já vi).
Considerado por alguns como o filme mais bruto da série, em razão da aparente perda da "fanfarronice" intrínseca ao personagem e ao seu universo fictício, acredito que Cassino Royale seja o mais dramático e bem realizado (em termos de produção e execução) da franquia, visto que todas as suas sequências de ação são no mínimo empolgantes - independentemente das comparações com outros produtos filhos dos anos 2000 -, as locações realmente fazem sentido à trama e, mais importante ainda, há dramaticidade suficiente no longa e esta encaixa-se de maneira bastante apropriada ao roteiro, gerando assim o filme mais emocional da longeva carreira do agente James Bond, sem perder em momento algum o senso de ação, aventura e misticismo (no âmbito do carisma, obviamente) tão caros a série. Cassino Royale é no mínimo um filme surpreendente, que deu novo gás ao veterano personagem e, para o bem e para o mal, quebrou alguns paradigmas importantes quanto a mitologia do universo 007.
AVALIAÇÃO
TRAILER
Mais Informações:
Filmes da franquia 007 comentados:
007 Contra o Satânico Dr. No (1962)
Moscou Contra 007 (1963)
007 A Serviço Secreto de Sua Majestade (1969)
007 - Quantum of Solace (2008)
007 - Operação Skyfall (2012)
Bilheteria:
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