03 novembro, 2012

Rock Star (EUA, 2001).

"Seu trabalho é viver a fantasia que os outros apenas sonham". (A.C., baterista do Steel Dragon, à Chris "Izzy" Cole, personagem de Mark Wahlberg).
Praticamente esquecido hoje, Rock Star não se saiu bem nas bilheterias - a bem verdade foi um baita fracasso, como comprovam os dados dispostos no campo bilheterias ao final da postagem - e foi mal avaliado pela crítica especializada, mas creio que tal recepção tenha se dado pelo fato do filme ter sido lançado praticamente às vésperas do atentado terrorista contra os Estados Unidos em setembro de 2001, que muito provavelmente afastou uma grande parcela da população de participar de atividades de entretenimento (até por que é mais do que sabido que os norte-americanos são um povo cegamente patriótico), visto que mesmo que o filme não seja uma obra primorosa, é eficiente em sua proposta e, mesmo com sua trama previsível, atrai e diverte, pois acima de tudo respeita o estigma da época  e do estilo de vida das pessoas apresentadas.

Assim como o recente (e fraco) Rock of Ages, a época abordada pelo filme é a purpurinada e exagerada década de 1980, mais especificamente o cenário heavy metal dos Estados Unidos. O roteiro de John Stockwell (Turistas) tem por base a história real de ingresso de Tim "Ripper" Owens na banda de metal britânica Judas Priest, após esta ser desfalcada de seu vocalista, Rob Halford, substituindo nomes e personagens, mas mantendo a essência de sonho realizado que a história real vendia. Stockwell, apesar de não apresentar um enredo de grande profundidade e se apoiar bastante em clichês, constrói bem os três atos que perpassam a vida do protagonista do filme, Chris Cole (Mark Wahlberg, de Contrabando), do anonimato e devoção ao grupo Steel Dragon (banda que deveria ser a Judas), passando pela inusitada convocação para o posto de cantor da banda e finalizando com sua desistência do posto, já que opta por um caminho em que possa trilhar sem concessões. No entanto, apesar da trajetória de Cole ser interessante, o grande barato do filme está mesmo na caracterização da época, seja no visual ou nos costumes, e na trilha sonora, que abraça grandes rocks daquele período.

Além da postura rocker mais vívida, outra aspecto que diferencia Rock Star do insosso Rock of Ages está no fato de que naquele há músicas criadas especialmente para a banda fictícia Steel Dragon, enquanto que no filme estrelado por Tom Cruise todas as músicas utilizadas são de bandas já existentes. Impossível não sair cantarolando Livin' the Life, Stand Up e até mesmo We All Die Young (mesmo que esta não seja originalmente uma composição da banda, mas sim uma "apropriação"). Com certeza quem curte hard rock/heavy metal vai se empolgar bastante com estas músicas, principalmente por elas contarem com as vozes de Jeff Scott Soto (as duas primeiras) e Miljenko Matijevic respectivamente, já que Wahlberg apenas dubla as canções. É fato que a seleção de músicas do filme é tão bacana que praticamente não dá para notar a trilha sonora de Trevor Rabin (A Lenda do Tesouro Perdido), mais conhecido como ex-guitarrista da banda de rock progressivo Yes.

Rock Star tem como diretor Stephen Herek (Bill & Ted - Uma Aventura Fantástica), que apesar de nunca ter se destacado na função, sagra-se eficiente na função deste filme em específico, mesmo com seu olhar um tanto quanto burocrático. Quanto ao elenco, além de Mark Wahlberg, que por sinal convence tanto como o roqueiro sonhador quanto como astro do rock, temos as presenças de Jennifer Aniston (Marley & Eu), Timothy Spall (franquia Harry Potter), Timothy Olyphant (Duro de Matar 4.0) e Dominic West (John Carter), que também mostram-se bem em seus respectivos papeis. Como dito, apesar do tom romântico e do clima de festa, o roteiro do filme é bem superficial, sendo assim isto também acaba refletido nas interpretações, que acaba por não chamar a atenção nem compromete-lo.

Funcionando ao mesmo tempo como uma viagem a uma época e estilo de vida bem específicos de uma geração e um tributo ao período, Rock Star merecia sorte melhor, já que é uma peça de puro entretenimento e, mesmo castrada de ousadia, cumpre sua função com competência, que é entreter. Sendo assim, Rock Star pode não abraçar o estudo analítico do movimento musical da época, nem traçar um retrato milimétrico de uma personalidade (a exemplo de The Doors, de Oliver Stone) ou assumir-se inteiramente como uma paródia (assim como fez Isto é Spinal Tap, de Rob Reiner) - apesar de, dentre estas opções, ter maior proximidade com esta -, mas chama a atenção, convence e diverte na medida certa, utilizando sua narrativa batida como instrumento de convencimento e é bem sucedida (pelo menos aos meus olhos) neste sentido. Pode não ser um clássico, mas é um filme bacana e merece ser redescoberto.

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O filme conta com as participações dos seguintes músicos como membros do elenco:

Jeff Pilson (Foreigner, ex-Dokken), Zakk Wylde (Black Label Society, ex-Ozzy Osbourne), Jason Bonham (Black Country Comunnion, ex-Foreigner), Myles Kennedy (Alter Bridge, Slash), Milijenko Matijevic (Steelheart), Jeff Scott Soto (ex-Talisman, Yngwie Malmsteen), Nick Catanese (Black Label Society), Blas Elias (Slaughter), Brian Vander Ark (The Verve Pipe) e Stephan Jenkins (Third Eye Blind).

AVALIAÇÃO
TRAILER

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