10 abril, 2012

Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (Bonnie and Clyde, EUA, 1967).


Marco zero (junto à Primeira Noite de um Homem, de Mike Nichols) de uma nova tendência cinematográfica em hollywood, Bonnie e Clyde é o precursor do cinema mais maduro que viria a surgir no final da década de 1960 (tendo o filme Sem Destino como outro catalisador do processo), do hoje conhecido como cinema de autor norte-americano. Misto de aventura e crônica violenta, este filme dirigido pelo hoje não tão lembrado Arthur Penn (Pequeno Grande Homem) é um produto referenciado a contracultura, que mexeu com as estruturas paradigmáticas do cinema norte-americano ao inverter valores e dispor como protagonistas de um filme uma dupla de criminosos, em detrimento à lei e ao poder da corporação policial, vista sob o ponto de vista do filme de Penn, como vilã.

Estrelado pelo astro e galã Warren Beatty (Bugsy) e pela até então desconhecida Faye Dunaway (Chinatown), Bonnie e Clyde é um filme com uma pegada particular, sendo desenvolvido de forma despretensiosa e muitas vezes divertida, mas que guarda em seu cerne todo um questionamento ao cinismo e autoritarismo da nação americana naquela época, surgindo assim como uma espécie de fenômeno catártico aquele momento em particular. Além do signo crítico, Bonnie e Clyde também é precurssor no que se refere a utilização da violência "explícita" - pelo menos para a época - como solução narrativa e nunca como solução estética, aspecto este que chocou grande parte dos produtores e críticos cinematográficos da época, mas que conquistou o público, coroando assim o filme como um grade sucesso de bilheteria.

À exemplo de Sem Saída, de Dennis Hopper, que trazia um personagem coadjuvante que roubara o filme e, posteriormente, se tornaria um dos maiores atores da década seguinte (me refiro ao mestre Jack Nicholson), em Bonnie e Clyde isso acontece de maneira semelhante, visto que temos a participação magistral de um até então desconhecido Gene Hackman, que com muito carisma e talento rouba todas as cenas em que aparece, ofuscando até mesmo o charmoso personagem principal interpretado por Warren Beatty.

Bastante reverenciado, inspirador de um sem número de títulos e tido até hoje como grande responsável pelo nascimento do cinema "sério" baseado em temáticas de crime, Bonnie e Clyde é um grande filme, ousado em sua época e clássico hoje, e  mesmo que o tempo tenha tirado um pouco do frescor e pioneirismo de sua essência, continua convencendo ao contar uma história de amor convencional num ambiente diferente, sendo então mais do que um filme de assalto ou de gangster, mas sim um filme multi-temático, que passeia por estes tópicos e apresenta mais, tudo isso sob a batuta de Penn, Beatty e dos roteiristas Robert Benton, David Newman e Robert Towne (não creditado), criando assim, de forma proposital ou não, o início de uma revolução na capital do cinema.

AVALIAÇÃO: 7 de 10.

Trailer:


Mais informações:

Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas

Bilheteria: Box Office Mojo

IMDb - Internet Movie Database:

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