28 abril, 2012

A Proposta (The Proposition, AUS/ING, 2005).


Vendido como uma espécie de faroeste ambientado na Austrália, esta quando colônia britânica, A Proposta na verdade parece uma mistura de Além da Linha Vermelha e Um Novo Mundo, de Terrence Malick, com Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood, além de ter um "quê" da trilogia dos dólares de Sergio Leone. Visualmente deslumbrante, dono de um argumento forte, onde a vingança é o mote principal, mas principalmente cheio de cenas e diálogos em tons poéticos, este filme que despontou o diretor e roteirista australiano John Hillcoat e o músico Nick Cave, líder da banda de rock Nick Cave and the Bad Seeds, como roteirista, é um verdadeiro estouro mental, enfim, um filme de difícil assimilação, mas bastante interessante do começo ao fim. É válido destacar que esta dupla repetiu a parceria no posteriormente reverenciado A Estrada, adaptação cinematográfica do romance de Cormac McCarthy (Cave co-assinou a trilha sonora) e no aguardado Lawless, que estreará ainda este ano, trabalho no qual Cave acumula os cargos de roteirista e compositor.

A Proposta conta com um elenco de primeira, dentre os quais se destacam Guy Pearce (Amnésia), Danny Huston (O Aviador), Ray Winstone (Os Infiltrados), Emily Watson (Cavalo de Guerra) e John Hurt (Imortais). Entretanto, dentre estes os que se sobressaem são Hurt e Watson, o primeiro entregando um misto de intelectualismo e manipulação à construção de seu caçador de recompensas, já a segunda consegue transmitir toda a dor e medo sentido pela personagem através de pequenos detalhes de sua expressão facial. Entretanto, apesar do recorte, houve um grande trabalho não só desses, mas de todo o elenco do filme.

Como já destacado acima, o visual do filme é simplesmente matador. As locações foram captadas de maneira sublime, ambientando com competência o terreno árido e isolado que é o cenário da trama. Outro aspecto magistral é a sujeira e pobreza empregada através dos figurinos e design de produção, numa espécie de evolução caótica do apresentado no já citado Os Imperdoáveis, já que neste A Proposta o que não falta é poeira, roupas sujas, sangue, suor e mosquitos em todos e tudo apresentado no filme.

Com um tom intimista, contemplativo, filosófico e, por que não, "viajado" como os filmes mais recentes de Mallick, uma aura de desapego, virilidade e estetização do real de Eastwood, além da violência e urgência dos faroestes de Leone, A Proposta conduz o espectador numa trama estranha, repleta de angústia, tensão e violência, que apesar de difícil digestão, é encerrado com um final apoteótico, quando mostra ao espectador um amálgama de violência e tensão pouco visto no cinema contemporâneo. Apesar de não ser um filme para todos os público, A Proposta talvez ganhe relevância pelo fato de ser tão único, mesmo que a mensagem do mesmo não se torne tão clara na primeira conferida. 


AVALIAÇÃO: 7 de 10.

Trailer:



Mais informações:

A Proposta (The Proposition)
Bilheteria: Box Office Mojo

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