15 abril, 2012

Jovens Adultos (Young Adult, EUA, 2011).



Espécie de Juno às avessas - por subverter o desapego e inocência do retrato apresentado pelo queridinho indie -, Jovens Adultos apresenta um outro lado da geração século XXI, bem-informada, antenada com as novas tendências, bem-sucedida etc., entretanto, mal resolvida no âmbito pessoal. Repetindo a parceria do filme acima citado, Jason Reitman (Obrigado por Fumar) e Diablo Cody (vencedora do Oscar de melhor roteiro original por Juno) constroem, em forma de "dramédia" (comédia dramática, por assim dizer) com pitadas de humor negro, um panorama interessante acerca de uma personalidade com uma casca expansiva, poderosa, realizada, porém com um conteúdo frágil, perdido, corrompido. A figura que representa essa possibilidade é a ghost-rider de uma série de livros para "jovens adultos" interpretada por Charlize Theron (vencedora do Oscar de melhor atriz por Monster), mulher beirando os 40 anos, bem-sucedida financeiramente, mas que não possui um bom equilíbrio emocional e uma vida romântica bem definida, procurando resgatar uma história de amor com uma pessoa que já não cabe em sua história de vida (o homem casado e com um filho recém-nascido interpretado pelo boa-praça Patrick Wilson, de Watchmen - O Filme).

Apesar de não ser um filme fantástico ou inovador, Jovens Adultos acerta ao destacar uma temática tão atual e de forma questionadora, ao mesmo tempo em que soa divertido, interessante e dinâmico, em especial pelo carisma habitual de Theron, que apesar de entregar uma personagem extremamente irritante, consegue extrair nuances de delicadeza e melancolia nesta, mantendo o interesse do espectador sempre ativo. Méritos também a Reitman, que constrói todos os atos da jornada da personagem de Theron no ritmo certo, privilegiando os momentos de altos e baixos para sedimentar a ideia central do roteiro no espectador.

Descartado pelo Oscar e demais premiações de 2011 (talvez merecidamente, pelo número de bons títulos daquele ano) e pouco visto quando em cartaz nos Estados Unidos, Jovens Adultos não desperta tanto interesse e também não soa tão eficiente quanto a parceria anterior de Reitman e Cody em Juno (talvez por este ter um enredo e narrativa tão particular), muito menos surpreendente e engraçado como Obrigado por Fumar ou tocante e reflexivo quanto Amor Sem Escalas (ambos apenas a cargo de Reitman), porém é um bom trabalho, que acerta naquilo que se propõe e, com consciência e competência, não almeja em nenhum momento sair dessa imaginária linha de conforto, aspecto que, no que se refere a este filme, soa bastante acertado.

Obs.: Apesar de soar "previsível" em quase todo o tempo, Jovens Adultos guarda pelo menos dois momentos de surpresa ao espectador, em especial o que "metaforiza" o interior danificado e "feio" da personagem de Theron ao improvavelmente transar com um personagem até então não interessante a esta.


AVALIAÇÃO: 6 de 10.


Trailer:


Mais informações:

Jovens Adultos

Bilheteria: Box Office Mojo

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