Primeiro trabalho de Alejandro
González Iñárritu (Amores
Brutos) sem o parceiro habitual, Guillermo
Arriaga (Vidas Que se Cruzam), Biutiful é
um filme tenso e pessimista, que abraça o tema morte de forma a incomodar o
espectador, nem tanto pelo seu lado simbólico, mas sim pela triste constatação
de sua inevitabilidade e de que não há forma de evitá-la. Primeiro filme do
cineasta a não conter núcleos narrativos distintos e concentrar-se num só
ambiente, neste caso a Espanha, Biutiful, como
toda a filmografia do cineasta, também apresenta uma visão pessimista dos
nossos dias, visto que praticamente ignora os cartões postais do país,
dedicando-se exclusivamente a mostrar grandes concentrações urbanas
periféricas, sujas, ignoradas e pobres.
Contando com mais uma
arrebatadora performance de Javier Bardem -
premiada em Cannes - e com um clima e ambientação de morbidez que incomoda de
tão denso, Biutiful certamente
não é um filme tão impactante, definido e bem-acabado quanto os três outros
filmes de Iñárritu (21
Gramas, Babel,
além do já citado Amores
Brutos), mas honra a filmografia do cineasta, ratifica sua visão
particular do mundo e do homem, além de demonstrar mais uma vez o talento do
espanhol Bardem (já vencedor do Oscar de melhor ator coadjuvante por seu
trabalho em Onde os Fracos Não Tem Vez) em dar vida a
personagens marcantes.
ATUALIZAÇÃO (29/7/2012).
Revendo o filme, é incrível constatar que novas camadas vão
sendo percebidas e até mesmo um novo ponto de vista, visto que, apesar de
manter o argumento de que o filme é um desabafo acerca do pessimismo e da
culpa, Inárritu conclui este seu filme mais pessoal de maneira serena e
positiva, fechando um arco de morte com uma sensação de alívio e
engrandecimento coerentes com a trama apresentada até então. A jornada de Uxbal
(Javier Bardem) é completada e o espectador tende a se sentir aliviado
ao final desta, como se tivesse viajado junto ao personagem - muito graças à
composição magistral de Bardem.
Outro aspecto é o simbolismo
místico-religioso de Biutiful , que perpassa a crença
comum do dia-a-dia e ganha uma aura metafísica, englobando o desejo de ajudar
ao outro com a transcendência individual num mesmo conjunto, tudo isso através
da figura de ligação - que não à toa funciona como um ímã entre o
universo dos vivos e o dos mortos -, o personagem Uxbal. Enfim, apesar da
pegada recheada de pessimismo e o tom sujo, Biutiful é um
filme sobre a busca por perdão, por tranquilidade, por transcender. Continua
não sendo meu filme predileto do cineasta, mas ganha um pouco mais de força -
pelo menos para mim - após esta segunda visita.
AVALIAÇÃO
TRAILER
Mais informações:
Biutiful
Bilheteria: Box Office Mojo
IMDb - Internet Movie Database:
- Alejandro González Iñárritu - Diretor e co-roteirista
- Armando Bo - Co-roteirista
- Nicolás Giacobone - Co-roteirista
- Javier Bardem
- Maricel Álvarez
- Hanaa Bouchaib
- Guillermo Estrella
- Gustavo Santaolalla - Compositor
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