31 março, 2012

O Homem do Futuro (BRA, 2011).


"Não se muda o que já foi". (fala de uma das versões de Zero, personagem de Wagner Moura).
Fantasia de ficção-científica bacana, O Homem do Futuro talvez seja  a primeira grande produção do gênero no Brasil e, apesar de uma ou outra concessão artística em detrimento do aumento do escopo de público, o filme é muito bem sucedido, em grande parte pelo carisma do elenco, mas claro sem tirar o mérito do cineasta e roteirista Cláudio Torres, em seu segundo flerte com o cinema "fantástico", visto que seu filme anterior, A Mulher-Invisível, já trazia um tema e estilo bastante particular.

Apesar seu elenco contar com belas mulheres - Alinne Moraes e Maria Luísa Mendonça, por exemplo -, a grande força do filme, no que se refere a atuação, está mesmo nas mãos do cada vez mais eclético Wagner Moura (Tropa de Elite) e da revelação - pelo menos para mim -, Fernando Ceylão, que entregam performances espontâneas, no limite entre o lúdico e o sério, facilitando assim a entrada do espectador neste misto de fantasia e realidade que é O Homem do Futuro. Outro ponto positivo do longa é a qualidade dos efeitos-visuais que, apesar de não aparecerem a todo momento, são apresentados com nível de produção internacional, não devendo nada a produtos americanos ou europeus do gênero.

Praticamente uma homenagem aos filmes norte-americanos de aventura dos anos 1980 - em especial, obviamente, a trilogia De Volta Para o Futuro -,  o filme de Cláudio Torres brinca com o imaginário popular tanto no que se refere às referências da época, quanto a própria ambientação, recheada de elementos característicos daquela década, com destaque especial para a escolha das músicas que compõem à trilha sonora, com destaque para as bandas nacionais Legião Urbana e Ultraje a Rigor e a australiana INXS.

Entretanto, apesar do clima de descontração e do foco na aventura e romance, O Homem do Futuro às vezes peca um pouco no que se refere ao amarramento da trama de viagem temporal, visto que seu desfecho mostra-se um tanto quanto forçado, despertando dúvidas que batem de frente com o início do longa - como Zero revela informações "privilegiadas" à personagem de Maria Luísa Mendonça, com o objetivo de salvar "seu futuro", se no passado original subtende-se que ele nunca teria voltado no tempo? -, mas nada que trilhe o brilhantismo e a graça do filme.

O Homem do Futuro não é um filme excepcional, parece se alongar em demasia e peca pelo excesso de romantismo, quando o que parece soar mais interessante no filme é a questão dos dilemas advindos das contínuas viagens no tempo, mas cumpre bem seu papel de entreter com qualidade, de homenagear uma década marcada por filmes com quê de sonhos e, mais do que tudo, aquece o mercado de filmes nacionais para a possibilidade de produzir mais filmes de gênero, visto que infelizmente nosso cinema parece manter-se viciado na tríade documentário, drama de favela/sertão e comédia com cara de TV. Sendo assim, este filme serve como um respiro para a falta de ousadia do nosso cinema, apesar de sua trama não ser assim tão diferente de uma comédia romântica convencional.

Obs.: Este foi o último trabalho como ator de Rodolfo Bottino, falecido em 2011.

AVALIAÇÃO: 7 de 10.

Trailer:
 
Mais informações:

O Homem do Futuro
 
Bilheteria: Adoro Cinema
 
IMDb - Internet Movie Database:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!