21 agosto, 2012

À Beira da Loucura (John Carpenter's In the Mouth of Madness, EUA, 1994).


"Viveu bons livros ultimamente?" (Tradução da citação contida no cartaz oficial do filme).
Nunca li nenhuma obra do escritor H.P. Lovecraft, mas conheço um pouco acera de seus livros e principalmente os temas que o mesmo abraça, sendo assim é fácil notar que o roteirista Michael De Luca   (autor do roteiro de Pesadelo Final: A Morte de Freddy, mas hoje mais conhecido como produtor em Hollywood, ex-Presidente de Produção da New Line Cinema e da DreamWorks Pictures) e o diretor John Carpenter (The Ward) claramente se inspiraram no escritor norte-americano para produzirem este À Beira da Loucura. Estrelado por Sam Neill (Jurassic Park), que vive um investigador de seguros que acaba imerso numa trama surreal quando parte em busca do paradeiro de um famoso escritor de livros de horror, Sutter Cane (Jürgen Prochnow, de Duna), que desapareceu antes de entregar seu último romance a editora. A partir daí um emaranhado de situações imprevistas acontecem, que acabam por transcender os limites da realidade.

Apesar de não ter sido um grande sucesso, este filme traz Carpenter em grande forma, conduzindo uma história interessante e com potencial para deixar o mais corajoso dos espectadores no mínimo preocupados e alertas, devido ao nível do clima de tensão empregado pelo diretor, que acerta em cheio ao caracterizar o mal de forma bizarra e estranha aos olhos humanos, na mais clara referência ao já citado Lovecraft. Outra referência assumida do filme é a homenagem ao escritor Stephen King, no qual o personagem Sutter Cane foi claramente inspirado.

John Carpenter também merece créditos pela composição (ao lado de Jim Lang) da trilha sonora, que complementa brilhantemente o filme, alavancando a tensão proposta por ele. Os efeitos visuais e de maquiagem, apesar de passados quase duas décadas, continuam interessantes, em especial pela sábia - ou forçada - escolha de Carpenter em não expor demais, focando muito em silhuetas ou mostrando as aberrações no escuro, estabelecendo duplamente o clima de urgência desses momentos. Ao lado do conceito da obra reside também a técnica empregada pelo diretor, que consegue conduzir o espectador pela trama através da escolha dos ângulos e planos certos, sugerindo alguns elementos, enquanto expõe outros. Dono de um jeito clássico e objetivo de filmar, muitas vezes com a câmera acompanhando todo o espaço que compõe a cena, Carpenter alia trilha sonora, direção e roteiro de forma uníssona como instrumento para  que a historia do filme soe ao máximo orgânica e verossímil.

No que tange a atuação creio que Sam Neill é àquele que mais de destaca, visto que o ator conduz bem seu personagem , dando detalhamento ao personagem, principalmente por estabelecer a transição do mesmo entre o ceticismo e a perda do senso da realidade. Prohchnow também aparece bem, no entanto carrega um pouco na caricatura. É válido destacar que o filme ainda com as curtas porém interessantes presenças de John Glover (mais conhecido como o pai de Lex Luthor na já finalizada série de TV Smallville) e do veterano Charlton Heston (Ben-Hur).

Dos filmes de John Carpenter, À Beira da Loucura não é dos mais conhecidos e reverenciados pelo público e pela crítica, mas acredito que seja um dos mais competentes - ao lado de Enigma de Outro Mundo, por exemplo - no quesito horror, visto que possui uma ambientação própria, que desperta interesse e até mesmo gera incômodo, conseguindo cumprir, nem que por pouco tempo, a dura tarefa de conceber o inconcebível  - ao olhar humano - em tela. À Beira da Loucura não é daqueles filme que pregam sustos no espectador, mas sim daqueles que procuram perturbá-lo, durante e após a exibição. Portanto, não o recomendo àqueles de mentes fracas. Depois não me diga que não adverti.

AVALIAÇÃO: 
TRAILER: 

Mais Informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

Filmes de JOHN CARPENTER já comentados:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!