"O reino de Deus está dentro de ti e a tua volta; não em palácios de pedra ou madeiras. Rache uma lasca de madeira e Eu estarei lá; Levante uma pedra e Me encontrarás...". (trecho base do filme, baseado no evangelho apócrifo segundo São Tomé).
Muitas vezes uma boa ideia se
perde no seu processo de desenvolvimento e de certa maneira é isso que acontece
com Stigmata, além do fato de seu
diretor, Rupert Wainwright, aparentemente não ser o nome ideal para tal tarefa, visto que não
consegue criar o clima de tensão que a história pede, perdendo-se em alguns
clichês bobos e apostando numa montagem à lá videoclipe, em especial nas cenas
onde presenciamos o aparecimento dos estigmas em Frankie, personagem de Patricia Arquette (A Hora do Pesadelo 3: Guerreiros dos Sonhos).
É óbvia a referência empregada
pelos roteiristas Tom Lazarus e Rick Ramage, a filmes como O Exorcista
(de William Friedkin) e A Profecia, (de Richard Donner), na construção do roteiro de Stigmata, contudo a possível necessidade de “reciclar” tais cânones
do cinema de horror numa linguagem mais próximo a da juventude dos anos 1990
acaba por prejudicar o filme, que perde em clima e em profundidade, até por que
cada vez mais a indústria de filmes de consumo produz obras menos densas e de
cunho efêmero.
Apesar dos argumentos “críticos”
à respeito da institucionalização da fé – em especial ao cânone católico romano
-, o teor deliberativo do filme acaba se perdendo dentre outros elementos que
deveriam ser de menor relevância mas tornam-se a finalidade do mesmo, como os
atos de “possessão” e o mistério dos próprios estigmas em si, deixando a
discussão acerca da “verdadeira” mensagem de Cristo – e possivelmente camuflada
pela Igreja Católica – em contra-plano.
Possivelmente uma decisão do estúdio, tal escolha ressoa mal
e faz com que o filme perca tanto em objetividade quanto em profundidade.
Mesmo com a confusão de elementos
empregados, advindo da ambição de seus realizadores – que no final acabam por
não entregar nem uma coisa nem outra -, Stigmata consegue despertar a
curiosidade de quem o assiste, principalmente em acompanhar as investigações do
padre Andrew Kiernan (Gabriel Byrne, Os Suspeitos), que mesmo caindo no lugar
comum de busca pelas respostas científicas através da fé, convence e guia o
espectador com finalidade no emaranhado de tramas e sub-tramas impostas pelos
realizadores.
O pior erro de Stigmata reside na tentativa de emplacar sustos através de efeitos visuais, faltando assim sutileza e sugestão, aspectos presentes nos filmes mais assustadores já feitos. Com foco nos cortes rápidos (escola publicitária) e nos chavões sonoros - a cargo do líder da banda Smashing Pumpkins, Billy Corgan e de Elia Cmiral), falta densidade e sutileza ao filme, que traz alguma boas ideias mas não sai do lugar comum. Filme de possessão sem a presença do tinhoso, Stigmata consegue divertir, mas apenas se você deixar de lado a falta de rumo de sua trama.
AVALIAÇÃO:
TRAILER:
Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo
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