23 agosto, 2012

Simplesmente Alice (Alice, EUA, 1990).


Mesmo nos momentos de menor criatividade, Woody Allen (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa) consegue trazer algo de interessante inserto em seus trabalhos. Simplesmente Alice discute bastante a questão da individualidade e da busca por achar a si mesmo. Estrelado mais uma vez por Mia Farrow (Hannah e suas Irmãs) - a atriz com maior número de participações como protagonista em filmes de Allen -, que vive a indecisa e sem graça Alice do título, o filme tem alguns elementos surreais, aspecto vez ou outra recorrente na filmografia de Allen, que ajudam a pontuar alguns dos questionamentos vividos pela personagem de Farrow, que como dito encontra-se em busca de uma razão de vida, já que encontra-se sufocada por uma vida até então sem tanto propósito, que não a satisfaz plenamente como ser-humano.

É interessante destacar que o filme, apesar do óbvio senso de humor, não pode ser encaixado como uma comédia, um drama, um romance ou uma fantasia, visto que carrega elementos de todos e às vezes soa distinto de qualquer outro filme, aspecto este comumente apresentado por Allen, até por que em seus filmes a trama e as situações promovidas por ela sempre se destacam em relação a qualquer outro aspecto cinematográfico. Simplesmente Alice já parece ensaiar a apresentação de um Woody Allen mais tranquilo, menos eufórico e visionário, ainda com ideias interessantes e relevantes, mas sim tanta magia, tanta surpresa e paixão. Talvez este filme possa ser classificado no rol dos filmes mais metódicos e objetivos do cineasta, em contrapartida aos seus trabalhos mais emotivos e verborrágicos (no bom sentido).

Apesar de não possuir um elenco de grandes estrelas como a maioria dos filmes de Allen, Simplesmente Alice conta ainda com as presenças de William Hurt (A Vila), Alec Baldwin (O Aviador), Judy Davis (Passagem para a Índia), Joe Mantegna (O Poderoso Chefão Parte III) e Bob Balaban (A Dama na Água), a maioria em papéis de grande relevância à trama, mas que não possuem grande tempo de tela, visto que a personagem de Farrow praticamente domina toda a metragem da obra. Falando nela, após mais de dez participações em trabalhos do então esposo (Allen), percebe-se que suas performances começam a soar repetitivas, em especial a caracterização da mulher inocente que precisa crescer durante o desenrolar do filme, muito embora isso não comprometa enormemente, mas vale como observação.

Divertido e em alguns momentos inusitado, Simplesmente Alice tem inspiração como grande inspiração o filme Julieta dos Espíritos, do italiano Federico Fellini e, apesar de não arrebatador, é um bom trabalho de Woody Allen, competente na emissão da mensagem, interessante na medida certa, além de ter um tom leve e um tanto quanto descompromissado. Indicado ao Oscar de melhor roteiro e ao Globo de Ouro de melhor atriz em filme de comédia ou musical, Simplesmente Alice é um filme bacana e interessante, à alguns passos de um clássico, mas que entra fácil na lista de grandes trabalhos do diretor.

AVALIAÇÃO: 
TRAILER: 
Mais Informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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