20 agosto, 2012

Os Mercenários (The Expendables, EUA, 2010).

"Escolha sua arma". (Frase promocional do poster oficial do filme).
Um dos filmes mais esperados de 2010, Os Mercenários foi vendido como uma grande reunião de alguns dos maiores astros de ontem e hoje do cinema de ação. Não que esta não aconteça - pois acontece -, mas passado o furor da estreia e o impacto inicial, fica mais fácil perceber que tal reunião surge a partir de um roteiro fraco e previsível - mesmo que o mesmo queria de todas as formas homenagear as produções de ação oitentista -, onde uma pena de brucutus de todas as ideias se digladiam ao lado de muito sangue virtual. O que deveria ser um entretenimento puramente escapista, cheio de humor e ação "real" acaba se mostrando um filme irregular, com personagens demais e trama de menos, recheado de clichês mal utilizados e que tem algumas boas cenas de ação, mas que soam mais artificiais do que o esperado, principalmente pelo uso excessivo de sangue digital, mais parecendo o efeito propositalmente estilizado do filme 300, por exemplo, que pode ter caído bem lá, mas aqui não.

Capitaneado pelo "recém-ascendido" Sylvester Stallone (Rocky, um Lutador) e co-escrito pelo mesmo juntamente a David Callaham (Doom), contando com as presenças de Mickey Rourke (Imortais), Jason Statham (Carga Explosiva), Jet Li (Herói), Dolph Lundgren (Soldado Universal), Terry Crews (série Todo Mundo Odeia o Chris), Randy Couture (Cinturão Vermelho), Eric Roberts (Batman, o Cavaleiro das Trevas) e Steve Austin, além das pontas de Bruce Willis (O Sexto-Sentido) e de Arnold Swcharzenegger (O Sobrevivente) - que por sinal protagonizam a melhor cena do filme -, Os Mercenários é um ensaio para um show que não dá certo, é um filme que parece bem intencionado, mas nunca sai do lugar comum, peca pelos exageros gráficos - o que é a primeira morte na cena de abertura se não a busca pelo público viciado em games estilo Counter Stryke - e pelas motivações risíveis dos personagens título, assassinos super-bem treinados que têm um sério problema com mulheres (Stalonne, Statham e Rourke, em especial).

Obviamente que não deveria se esperar nada muito dramático a cargo de um elenco deste naipe, entretanto nada justifica a obviedade da trama, muito menos o momento "quero um Oscar" produzido pelos roteiristas e pelo ator Mickey Rourke, no momento em que acompanhamos o grande twist do filme, quando o personagem de Stallone decide voltar (sozinho) ao pequeno (e fictício) país sul-americano controlado por um ditador sanguinário apenas para salvar a vida de uma moça que acabara de conhecer, mesmo que esta não queira ser salva. E todo essa resolução se dá após a cena Oscar citado acima, onde Rourke declama um texto risível numa performance mais esdrúxula ainda, com direito a close nos olhos marejados.

É sabido que cinema é uma arte coletiva, sendo assim nada mais justo do que atrelar igualitariamente a Stallone, Callaham, Rourke e demais envolvidos pelo desperdício de potencial que acaba se tornando este Os Mercenários. Digo que o filme, num olhar geral, não é ruim, mas também nunca surpreende ou te deixa com a adrenalina lá em cima. Ele possui alguns bons momentos, mas estes são apenas pontuais. Já sua estrutura frágil é aparente do início ao fim, inclusive rendendo um vilão ridículo - o ex-agente da CIA vivido por Eric Roberts - com um final pior ainda. O engraçado é que, num filme que conta no elenco com gente premiada ou indicada ao Oscar como Sylvester Stallone, Mickey Rourke e o próprio Eric Roberts, tenha como melhor intérprete o sumido (para os apreciadores de bons filmes) Dolph Lundgren, que nunca foi um às da atuação, mas que aqui consegue convencer sempre que está em cena, parecendo ser o único ator do filme que realmente entendeu a proposta original do projeto.

No mais Os Mercenários tem muito tiroteio, fraturas expostas, explosões, sanguinolência, frases de efeito, corpos definidos, discursos inflamados, motocicletas envenenadas e pouco cérebro, o que deve agradar a alguns, desagradar a outros e deixar o restante em cima do muro, posto no qual me encaixo, visto que curti a ideia de ter toda essa marmanjada de brucutus num só filme, mas é mais do que óbvio de que a sua realização foi mal-executada. Como teve um sucesso moderado nas bilheterias, uma sequência foi encomendada - desta vez com o acréscimo de mais alguns "ídolos" do cinema testosterona, como as presenças fixas de Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger e as estreia da lenda Chuck Norris e do fanfarrão Jean-Claude Van Damme - e aportará nos cinemas brasileiros no final deste mês. Fica a torcida para que as falhas deste filme tenham sido elucidadas para a sequência. 

AVALIAÇÃO:
TRAILER:

Mais Informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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