"Se eu não sou eu, quem eu sou?" (Douglas Quaid, personagem de Arnold Schwarzenegger).
É certo que este O Vingador do Futuro é menos cerebral do que Blade Runner, o Caçador de Androides - também uma adaptação de uma obra do escritor Philip K. Dick -, mas é bem mais divertido e instigante que o filme estrelado por Harrison Ford. Dirigido por Paul Verhoeven (Tropas Estelares), que vinha do sucesso de Robocop, o Policial do Futuro e estrelado por Arnold Schwarzenegger (O Sobrevivente), no auge de sua carreira, esta primeira adaptação do conto Can Remember It For You Wholesale continua relevante e eficiente até hoje, vencendo - na medida do possível - a barreira do tempo, aspecto este raríssimo para filmes de ficção-científica, que tendem a ficar datados com o passar dos anos.
Feito em grande parte com efeitos práticos, o que confere uma credibilidade maior ao filme quando visto hoje - é mais do que claro que efeitos "reais" perduram por mais tempo do que os realizados por computação gráfica -, o filme apresenta uma história de paranoia e conflito social ambientada no futuro, onde acompanhamos a busca de identidade do personagem de Schwarzenegger, Douglas Quaid, enquanto nos é mostrado que a humanidade hoje também habita o planeta Marte e de lá extrai um minério importante para a economia terrestre, mas ao custo de muita miséria e "efeitos colaterais" àqueles que residem e trabalham no planeta vermelho. Geralmente qualificado como filme de ação, O Vingador do Futuro é muito mais que isso, pois a problemática apresentada é o fio de sustentação principal da trama recheada de espionagem e perseguições por que passa Quaid.
É notório que este é um filme de Paul Verhoeven desde a primeira cena, quando acompanhamos um pesadelo de Douglas Quaid, visto que todo o apelo visual do diretor nos é mostrado já ali. Verhoeven também se mostra bem a vontade com a exposição de cenas violentíssimas, mas que não deixam de mostrar-se coerentes com a proposta do filme. É interessante notar que enquanto nesta primeira versão de O Vingador do Futuro não há pudor em se mostrar cenas de alta violência ou estabelecer alusões a sexualidade, no remake lançado este ano há uma excessiva esterilização nesse sentido, o que acaba não deixa de ser contraditório, pois será que não progredimos no que se refere ao extinção do pudor e a maior abertura para a livre exploração artística durante estes 22 anos que separam uma produção da outra? Creio que não.
No âmbito técnico, apesar da tecnologia de alta definição não ter feito bem ao filme, o mesmo continua eficiente na medida do possível. Como dito, o filme foi feito ainda numa era pé-CGI (computação gráfica), sendo assim, apesar de grande parte dos efeitos especiais e de maquiagem serem tangíveis aos olhos (mérito dos envolvidas nestas áreas), a realidade proposta por alguns já apresentam certa fragilidade, contudo para o aficionado por cinema isso será irrelevante, pois os elementos do filme funcionam bem e ajudam a coerência narrativa deste. E, mais do que a realidade dos efeitos, o que mais se destaca é a composição das cenas em que eles aparecem, que tornaram-se antológicas, desde os efeitos de maquiagem e prostéticos das pessoas expostas ao ar rarefeito de Marte ao disfarce de Douglas Quaid em uma cena chave do filme. Enfim, a elaboração e execução das cenas transcendem a realidade - em comparação a tecnologia atual - sugerida pela mesma.
No âmbito técnico, apesar da tecnologia de alta definição não ter feito bem ao filme, o mesmo continua eficiente na medida do possível. Como dito, o filme foi feito ainda numa era pé-CGI (computação gráfica), sendo assim, apesar de grande parte dos efeitos especiais e de maquiagem serem tangíveis aos olhos (mérito dos envolvidas nestas áreas), a realidade proposta por alguns já apresentam certa fragilidade, contudo para o aficionado por cinema isso será irrelevante, pois os elementos do filme funcionam bem e ajudam a coerência narrativa deste. E, mais do que a realidade dos efeitos, o que mais se destaca é a composição das cenas em que eles aparecem, que tornaram-se antológicas, desde os efeitos de maquiagem e prostéticos das pessoas expostas ao ar rarefeito de Marte ao disfarce de Douglas Quaid em uma cena chave do filme. Enfim, a elaboração e execução das cenas transcendem a realidade - em comparação a tecnologia atual - sugerida pela mesma.
A trilha sonora composta pelo saudoso maestro Jerry Goldsmith (Jornada nas Estrelas, O Filme) pontua muito bem os climas do filme, mas em alguns momentos acaba lembrando demais a trilha original do filme Conan, o Bárbaro, que foi composta por Basil Poledouris. Por coincidência estes nomes não são estranhos a Scharzenegger e Verhoeven, visto que enquanto este trabalhou com Poledouris na trilha do filme Robocop, aquele estrelou o filme Conan, o Bárbaro. Quanto ao elenco, além de Schwarzenegger, podemos destacar a participação do Jack Nicholson genérico e figura carimbada como vilão em filmes do final da década de 1980 e início de 1990, Michael Ironside (O Exterminador do Futuro: A Salvação), a ótima presença da até então desconhecida Sharon Stone (que retomaria a parceria com Verhoeven estrelando o filme Instinto Selvagem) e o cantor e guitarrisra Ronny Cox (Um Tira da Pesada), como o poderoso Coohagen.
Voltando ao conteúdo do filme, além dos temas que lidam com economia x sociedade e de uma certa demonização quanto ao futuro da humanidade, destaca-se também a discussão acerca de identidade, com elementos de significados e significantes, mas principalmente com a disposição de temas que refletem o trabalho Simulacros e Simulação, de Jean Baudrillard, antecipando alguns dos questionamentos que seriam futuramente explicitados em filmes como Matrix, por exemplo. Tá aí um dos por quês da versão 2012 de O Vingador do Futuro ser, no que se refere a sua mensagem e conteúdo, inferior a versão de Paul Verhoeven.
Voltando ao conteúdo do filme, além dos temas que lidam com economia x sociedade e de uma certa demonização quanto ao futuro da humanidade, destaca-se também a discussão acerca de identidade, com elementos de significados e significantes, mas principalmente com a disposição de temas que refletem o trabalho Simulacros e Simulação, de Jean Baudrillard, antecipando alguns dos questionamentos que seriam futuramente explicitados em filmes como Matrix, por exemplo. Tá aí um dos por quês da versão 2012 de O Vingador do Futuro ser, no que se refere a sua mensagem e conteúdo, inferior a versão de Paul Verhoeven.
Dono de uma trama intricada, com um senso de humor negro e um tom de negativismo acerca da índole do ser-humano, além de ter um ótimo protagonista - apesar deste ser vivido por Arnold Schwarzenegger, que se sai "bem" simplesmente por seu grande carisma -, O Vingador do Futuro é um filme de ação eficiente, que provavelmente surpreenderá aqueles que nunca o assistiram e que traz elementos de saudosismo e adrenalina para os que já o viram que são raras de se encontrar nas produções pasteurizadas do gênero que aportam os cinemas hoje em dia. Na verdade O Vingador do Futuro é uma viagem inesperada por um universo distinto, recheada de capangas incompetentes, questionamentos sociais, procura por identidade e frases de efeito destiladas por Schwarza, e que provavelmente será muito apreciado por quem gosta do gênero. No final das contas, continua bem superior ao remake, mesmo que este tenha um aparato de efeitos visuais estupidamente melhores, mas como sabido por todos, o que importa mesmo é o conteúdo e neste sentido a versão de 1990 é inquestionavelmente melhor.
AVALIAÇÃO:
TRAILER:Mais informações:
- O Vingador do Futuro (versão 2012)
- Adoro Cinema
- Filmow
- IMDb
- Metacritic
- Rotten Tomatoes
- Wikipedia
Bilheteria: Box Office Mojo
Filmes de PAUL VERHOEVEN já comentados:
Filmes de PAUL VERHOEVEN já comentados:
- Tropas Estelares (1997)
- O Homem Sem Sombra (2000)
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