Primeiro filme solo de Cláudio Torres (O Homem do Futuro), Redentor é um raro filme nacional que passeia por diversos gêneros sem cair no pastiche ou na paródia. Contando, como o próprio título adianta, uma história de redenção - mesmo que de maneira não convencional -, o grande barato do filme é sua pegada de entretenimento aliada a um forte contexto político-social, tendo questões como especulação e golpes no âmbito do mercado imobiliário, improbidade administrativa, corrupção das instituições públicas, distinção de classes sociais, desemprego e até mesmo massificação religiosa. Com uma pegada que beira o fantástico e com uma lição moral bem definida - aspectos estes recorrentes na carreira de Torres -, o filme narrado sobre o ponto de vista do jornalista Célio (Pedro Cardoso, de O Que é Isso Companheiro?) é conduzido de maneira interessante e um tanto curiosa, pois além de abordar os temas acima citados, também passeia por esferas inusitadas no que tange a narrativa, trazendo sempre surpresa os acontecimentos futuros.
Redentor conta com uma trilha sonora impactante, misturando música clássica - a abertura do filme é sensacional - à hits nacionais e internacionais, climatizando bem toda a trama "surreal" do longa. Impressiona o fato deste ser o primeiro filme de Torres como cineasta independente, já que o mesmo traz características tão próprias e criativas - a própria abordagem do filme - que num primeiro olhar sugeririam a ação de alguém com mais experiência no ramo, coisa que Torres não tinha, o que é de se aplaudir. A montagem do longa também é um dos destaques, visto que dá muita dinâmica aos acontecimentos narrados pelo filme, mesmo com a presença de muitos personagens de relativa importância a trama, não deixando nunca o ritmo cair. Os efeitos visuais do filme aparecem interessantes até hoje, quiçá estão ainda melhores do que os do filme mais recente de Cláudio Torres, o romance de viagem ao tempo O Homem do Futuro.
Contando com a presença da nata da dramaturgia brasileira - Miguel Falabella, Camila Pitanga, Stênio Garcia, Fernanda Torres, Lúcio Mauro, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Tony Tornado, além das pontas de José Wilker, Tonico Pereira, Guta Stresser e Paulo Goulart -, Redentor é um grande produto de entretenimento made in Brazil, hoje pouco lembrado, mas tão eficiente e bem executado em sua proposta quanto seus irmãos mais famosos Cidade de Deus e Tropa de Elite. Talvez por celebrar mais o entreter do que o conscientizar o mesmo não seja tão lembrado (ou visto), contudo isto é balela pois Redentor se sustenta sozinha de forma primorosa, deixando no ar questionamentos importantes à nossa sociedade - seja no âmbito social ou espiritual -, ao mesmo tempo em que diverte e aplica uma óbvia,porém cara lição de moral em seu desfecho, entregando efetivamente a essência da jornada do herói de Joseph Campbell (com direito à "recompensa").
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