Talvez pela novidade das animações em 3D ou pelo desgaste natural após sucessos arrebatadores, o final da década de 1990 não foi das mais alegres para o departamento de animação da Walt Disney, visto que desde o mega-sucesso de O Rei Leão, em 1994, o estúdio vinha amargando bilheterias cada vez mais baixa e poucas críticas entusiasmadas. Eis que em 1998 aporta nos cinema Mulan, filme em animação inspirado em um famoso poema chinês, que coloca uma até então inocente garota, Fa Mulan - que na versão original tem a voz de Ming-Na, atriz mais conhecida por interpretar a personagem Chun-Li no filme em live-action do jogo Street Fighter - nos campos de batalha na China, visto que a mesma acaba se disfarçando de homem e se juntando ao exército para salvar a vida do pai doente, enquanto o país de defende de um ataque do povo mongol, comandado pelo poderoso Shan Yu (no original dublado por Miguel Ferrer, de Voo Noturno).
Sétima maior bilheteria em solo norte-americano do ano, o filme sagrou-se como um grande (e merecido) sucesso, trazendo um certo alívio para a outrora imbatível produtora. Analisando friamente, Mulan segue a velha fórmula Disney, modernizando onde pode, mas contando com as clássicas canções insertas na trama, com o mascote que serve de alívio cômico, com o vilão puramente malvado - do aspecto físico as vestes que usa - e com o desenvolvimento gradual de um envolvimento entre a "princesa" e seu "príncipe encantado". O problema é que, apesar de postos de maneira competente, não momentos de grande inspiração no filme, que parece um tanto quanto acomodado - quiçá temeroso - quanto ousar em demasia, sendo talvez seu maior destaque o fato de termos uma protagonista que realmente vira heroína durante a trama, praticamente sem depender de seu par romântico para se defender. Quanto a isso, é uma pena que o final apele um pouco para o bom sendo, visto que seria muito mais crível que aquele a derrotar em duelo o temível Shan Yu fosse Li Chang (voz de BD Wong), o futuro parceiro de Mulan, mas enfim, como este é um filme feito para o público infantil seria pedir demais exigir algo como isso.
Esta animação da Disney é divertida e possui mecanismos suficientes para manter o interesse do espectador do começo ao fim, a trilha-sonora assinada pelo veterano Jerry Goldsmith (Jornada nas Estrelas: O Filme), apesar de não ser marcante, traz uma boa mistura de sons étnicos chineses misturados a uma pegada mais moderna, utilizando alguns elementos da música eletrônica, que climatizam bem o filme, especialmente nas sequências de batalha. Já as canções do filme, apesar de funcionarem como elementos de narração, não marcam o suficiente para que comecemos a cantarolar ao final da projeção do mesmo. Outro ponto que satisfaz, mas não chega a se destacar são os personagens coadjuvantes, que cumprem bem suas funções, mas à exceção do vilão Shan Yu (muito pelo visual marcante), do dragão Mushu (com a voz original do tagarela Eddie Murphy, de O Professor Aloprado) e a própria personagem-título.
Não consideraria Mulan como um dos grande clássicos da Disney, mas o mesmo tem seus méritos e merece um lugar de destaque na história das animações. A produção tem o ralo apelo para meninos e meninas, consegue divertir o público adulto e, de certa forma, mantém-se fresca até hoje, muito graças ao seu visual realmente deslumbrante - o aspecto técnico e fotográfica das animações da Disney realmente são de outro mundo - e ao apelo do seu roteiro, que é bem equilibrado no que se refere ao entretenimento e as lições de conduta e moral tão caras ao estúdio. Como dito a pouco, Mulan não é fenomenal, mas cumpre bem seu papel, traz alguns ótimos momentos e deixa de lado - pelo menos momentaneamente - a "má fase" da produtora. Indicado ainda hoje para crianças e adultos (que, talvez, tenham sido crianças em 1998).
AVALIAÇÃO:
TRAILER:
Mais Informações:
Bilheteria: Box Office Mojo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Concorda com o texto? Comente abaixo! Discorda? Não perca tempo, exponha sua opinião agora!