20 agosto, 2012

Voo Noturno (The Night Flier, EUA/ITA, 1997).


"O mal tem um plano de vôo". (Chamada do cartaz do filme).
O romancista norte-americano Stephen King pode ser quase uma unanimidade como escritor de histórias de suspense, aventura e horror, contudo o mesmo parece não ter muita sorte quanto às adaptações de suas obras para o cinema. Ao meu ver, dá para se contar com os dedos de uma só mão a quantidade de bons filmes - não estou julgando o mérito da obra original - realizados a partir de algum produto de King e, por incrível que pareça, a maior parte destes não podem ser essencialmente categorizados como títulos de horror/terror, campo este onde o autor se debruça com mais frequência, mas sim filme com elementos fantásticos, mas de cunho primeiramente dramático. Sendo assim, chegamos a essa adaptação do conto publicado em 1988 por King, que ganhou uma versão cinematográfica quase dez anos depois, no agora longínquo ano de 1997, intitulada Voo Noturno.

Filme de baixo orçamento, dirigido por um até hoje desconhecido Mark Pavia e com roteiro deste juntamente a Jack O'Donnell, Voo Noturno tem como protagonista o escroto jornalista de um tabloide americano (interpretado por Miguel Ferrer, de A Árvore da Maldição) que investiga a identidade e o paradeiro de um misterioso piloto de avião que está matando pessoas (e possivelmente sugando o sangue destas) em pequenos aeroportos de cidades interioranas. Pavia acerta ao evitar mostrar com clareza o misterioso ser assassino, em primeiro lugar pelo obviamente reduzido orçamento da fita, em segundo para empregar um clima de suspense e tensão que invista mais na sugestão do medo do que na exposição deste. Infelizmente o diretor não acerta o tom e acaba por não despertar clima algum de medo ou tensão nestas cenas. Como já dito em textos anteriores, um filme de suspense/terror que não consegue, independentemente da qualidade do seu roteiro, assustar e causar tensão é falho no seu quesito principal, visto que praticamente não funciona àquilo que se propõe. Soma-se a isso o fato do filme não possuir - pelo menos não deliberativamente - nuanças de humor, ocasionando assim num filme insosso, que não assusta e muito menos ri de sua falta de tato. Logo, este Voo Noturno consagra-se como mais uma das obras esquecíveis e absolutamente dispensáveis adaptadas de trabalhos de Stephen King (não li o conto, logo não saberia dizer se o original também falha nos mesmos pontos). 

Entretanto, uma coisa há de ser destacada. Mesmo com os problemas de condução por parte de Pavia e O'Donnell, o enredo - quiçá abordagem - de Voo Noturno é risível, em especial por não introduzir uma espécie de origem ou pelo menos contextualização do personagem título, que é obviamente uma criatura não humana (pelo menos não mais) e que em momento algum gera credibilidade, pois é difícil, mesmo com toda a suspensão de descrença ativada, acreditar na existência de um morcego-humano piloto de avião (próprio) com capa de mágico que voa pelo país sugando sangue de suas vítimas (é certo que há uma tentativa de sugerir - através de algumas fotografias antigas - que este ser já foi um homem no passado, mas é empregada de forma tão largada que não acrescenta em nada a trama em si). O engraçado é que o filme se leva a sério justamente nisto, quando acaba por despertar risos involuntários.

Com efeitos especiais e de maquiagem razoáveis - não impressionam, mas muito menos comprometem -, mas sem conseguir despertar um interesse maior por sua história, Voo Noturno passou quase que despercebido pelos cinemas e deve ter conquistado um certo status de cult quando disponibilizado no mercado de home-video (li diversos comentários aqui e acolá acerca de várias pessoas que gostaram do filme quando o assistiram enquanto garotos), mas possui toda aquela cara de filme B que com certeza se encaixaria feito luva na programação do saudoso e extinto Cine Thrash, apresentado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Porém, como não assusta (nem faz rir de verdade por isso), nem sequer nesta categoria o pobre filme se encaixaria a contento. Talvez seja melhor esquecer de sua existência, talvez.

AVALIAÇÃO:
TRAILER:

Mais Informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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