04 agosto, 2012

Taxi Driver (EUA, 1976).


"Você está falando comigo? Está falando comigo?" (Monólogo clássico de Travis Bickle, personagem imortalizado por Robert De Niro).
Crônica urbana altamente pessimista, Taxi Driver é uma crítica a realidade social norte-americana em meados da década de 1970 sob o ponto de vista torpe de Travis Bickle (Robert De Niro, de O Poderoso Chefão Parte II), um paranoico e traumatizado combatente da Guerra do Vietnã. Altamente contraditório em seus pensamentos e ações durante o caminhar do filme, Bickle é daqueles personagens raros, do qual sentimos uma grande simpatia e curiosidade pelo que acontecerá com este, mas ao mesmo tempo nos afastamos e temos reservas acerca de várias das suas decisões, ideologias e, principalmente, ações tomadas. Personagem bastante complexo, talvez a força motriz de todo essa carisma transmitido por um personagem tão distante de nossa realidade seja a grande concepção criada por Robert De Niro, construindo aqui um de seus papeis mais marcantes em toda a sua vasta filmografia.

Primeiro filme em conjunto do roteirista Paul Schrader (Gigolô Americano) e do diretor Martin Scorsese (O Aviador), Taxi Driver é um conto moral as avessas, uma alegoria acerca da decadência do homem naquele período, um tapa na cara do conformismo, um olhar distinto acerca do american way of life, enfim,  o desvendar de um outro lado da cidade de Nova York (o gueto e suas tribos, a violência urbana, prostituição, tráfico etc.) até então nunca enfocada pelo cinema de maneira tão direta e impactante. É com este filme que Scorsese finalmente é "mostrado" ao mundo do cinema (apesar do bem-comentado Caminhos Perigosos, de 1972), com direito a estética particular do cineasta, que bebe muito do documentário, além da predileção por cenas de violência de grande volume gráfico.

Dono de uma fotografia suja (a cargo de Michael Chapman) e de uma trilha sonora com elementos de noir (sendo este o último trabalho do mestre Bernard Herrmann, autor de obras primas como a música de Psicose, por exemplo), que ajudam a compor o clima de decadência e opressão sentido e passado pelo personagem de De Niro durante todo o filme, Taxi Driver é uma experiência única em termos de cinema, sendo uma rara espécie de filme com elementos de filmes de arte e comercial que funciona perfeitamente.

Tendo seu elenco completado por uma esperta e jovem Jodie Foster (Deus da Carnificina), pela beldade (na época) Cybill Shepherd (Simplesmente Alice), por Albert Brooks (Drive) e por outro parceiro recorrente de Scorsese, Harvey Keitel (Cães de Aluguel), além de contar com uma ótima ponta do próprio Scorsese, o longa aposta no carisma e competência destes para servirem de escadas para a grande performance do protagonista da história.

Contando com uma abertura que simula o olhar desfocado e de certa forma conturbado do personagem de De Niro e finalizando da mesma maneira, Scorsese entrega de imediato a verdadeira essência de Travis, um ser deslocado, perdido e solitário (como o mesmo faz questão de afirmar várias vezes durante o filme), que pensa e age como uma versão bizarra e estilizada (mais?) do anti-herói dos quadrinhos Justiceiro (sem a "motivação" deste, óbvio) , referência esta que fica mais do que exposta no grande clímax do filme e no desfecho irônico do mesmo. Indicado ao Oscar de Melhor Filme ao lado de clássicos como Todos os Homens do Presidente, Rede de Intrigas e Rocky, um Lutador (este vencedor da premiação), Taxi Driver não sagrou-se campeão, entretanto talvez seja, dos filmes citados, o mais reverenciado, debatido e conhecido até hoje.

AVALIAÇÃO:  
TRAILER:

Mais informações:
Bilheteria: Box Office Mojo

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